OPÇÃO.

                                                     


Antes de conhecer já lhe sentia e, foi este presságio etéreo, confuso, instigante, mas determinado que, a fez tornar-se real aos meus olhos.
Chegou pronta e já esculpida em pedra rara saída das incandescentes lavas do meu vulcão interior, certo da possibilidade do encontro com a sua concretude inesperada.
Valeram os sonhos, sempre soube disso, pois eles eram a premonição mágica do que não se vê, mas, no entanto, sabemos que existe, pois, este é o principio transcendente dos mistérios da fé.
Certeza que excitava, arremessava rumo ao infinitos anos luz, de galáxias adentro e afinal, era um universo que, se resumia em você.
Útero infinito e acolhedor de mim nesta placenta que gestava nossos futuros, diferente do meteoro que eu era antes, vagando em espaços vazios, vácuos sem sentimentos ou emoções, agora, no entanto, amalgamado em fusão consentida nas superfícies da sua pele morena, lisa, generosa de odor extasiante de suores proféticos que, convidavam inevitavelmente a gozos inadiáveis.
Não impus nenhuma resistência, deixei crescer em latejar gritante, minha ânsia de possuí-la.
Então, esbugalharam-se os seus olhos, inundou-se o seu rosto de olhar inconfundível em acenos ao prazer.
Olhos que reviravam a cada novo pulsar de mim dentro das suas recônditas, íntimas e pudicas profundezas, aquilo que sempre busquei e precisava encontrar nos seus pontos finais.
Restaram então, as respirações ofegantes, agora em sôfregos descompassos, depois de alucinados ritmos de volúpia e saciedade.
Fastio momentâneo, mas sem tédio.
A imagem é a de peito com peito e corações colados, reverberando solidários os sinais estertores daquela deliciosa viagem de conquistas recompensadas por gáudios, regozijos e regalos. 
E retornando a consciência, vejo seu corpo exibir marcas vermelhas, conseqüência de minha irrefreável necessidade de conviver com todas as suas partes disponíveis, mas, por vezes, sem controle no tato.
A tentativa derradeira, no entanto é de não deixá-la partir, após tanto ter ficado.
Não é justo, mas é necessário e você sempre tem que partir.
Das nossas vidas, estas são as repercussões que menos admiro.
Possuída, mas sem perenidade!
Fica, no entanto, um campo minado pela sua lembrança em vastas extensões cultivadas por imensos trigais afetivos que, eu ainda tenho para debulhar.
Vastas e intensas plantações que ocupam esperançosos vales, emolduradas por cadeias de montanhas sinuosas e azuis que, ainda preciso conquistar, além dos muitos rios a navegar, tantos céus ainda, para voar até encontrar um dia, finalmente, a mansidão eterna de um lago que nos oferecera água tépida, cantos de pássaros em seu entorno, sombra confortável da copa de uma árvore acolhedora e, mais nenhum vestígio de solidão.
Passaram-se os medos, mas persistem, as anunciadas outras tantas improbabilidades.
Engulo a emoção e o choro, afasto ansiedades, reformulo outras tantas expectativas inalcançáveis, como a única forma de manter-me vivo e junto a você.
É assim?
Então, será!

MOVIMENTO CERTO.

                                               
A cada nuance de luz, cor, som, alegria, felicidade, encontro com a dança da vida em qualquer palco e, com textos em qualquer idioma é possível viver sim, sem atritar.
Acredite que aqueles que já se foram deixaram histórias, vidas escritas, alguns belos romances inacabados, outros tragicomédias e, ainda, os que nem conseguiram deixar nada de mais significativo.
Foram!
Nós, no entanto permanecemos aqui e dizendo presente, lutando com cada chance de sobrevivência possível, guerreiros que somos da motivação maior de não nos despedirmos tão cedo deste calor do sol ou da magia de uma imagem noturna de estrelas cadentes varrendo o céu.
Tudo será mais fácil, no entanto, de mãos dadas.
Mãos dadas é o código do momento, a chave do comportamento teimoso que insiste em acreditar que, querer amar é transcender, uma cambalhota necessária, um salto triplo providencial no picadeiro deste circo existencial, cujas lonas apesar de usadas, estão integras, sem furos, vazamentos e ainda não tiram as pinturas da cara do palhaço em dias chuvosos, o que seria um constrangimento para a continuidade do espetáculo.
Palcos da vida e suas melhores imagens que, preferimos ver contracenando lá em cima e com os textos das nossas esperanças , planos que traçamos mas que, ainda não encontraram em nós, os melhores protagonistas.
As razões explicitas, as forças e motivações você as encontrará em cada momento melódico, na harmonia coerente,no verso que tocará seu coração de uma letra musical saída das articulações vocais e gestuais de um grande artista e muito mais competentes do que eu mas,somente nas suas fantasias.
É possível que, então temeroso pela concorrência eu não venha mais a desafinar, mas você terá que iluminar minha atuação com as mesmas parafernálias de luzes cores e sons de multifacetadas possibilidades e de variadas intensidades, com as quais seu eleito mostra tanta desenvoltura.
Vou procurar então, não atritar.
E se você conseguir, transformar tudo isso em apenas sussurros de uma nova realidade aguce a percepção dos seus ouvidos e, com voz rouca e quente estarei por aí chegando apesar, de ter a consciência de que todos os ingressos para este espetáculo estão esgotados.
Não importa, vou pular o muro.
Cuide dos seus ouvidos e ignore os muros.
Pois, se puder escutar, ouvir e me entender, apesar de não ter uma voz e presença tão superlativa quanto a do seu eleito, quem sabe nós possamos acordar amanhã e graças às poucas vinte e quatro horas mágicas de superação deste intervalo,novamente,ungidos pelo amor.
Se bruxos, anjos, gnomos e duendes estiverem a nosso favor, bota fé de que, da terra que você irá pisar, das luzes que lhe encantarão, dos sons que vão lhe alegrar, tudo estará sinalizando para um ponto do espetáculo, cuja imagem, será as das mãos dadas.
Slides de novos planos!
Uma delas será a minha e espero que, a outra seja a sua.
Isto porque, além das mãos, seus pés sempre souberam usar as sapatilhas de um balé correto em outros tantos palcos, não desaponte agora sua platéia e, faça o movimento certo.

CARA DE SETEMBRO.

PRIMAVERA, DO PINTOR IMPRESSIONISTA MONET.



Chegou!
Setembro enseja movimento, transformações, mudanças e aperfeiçoamentos.
É quando o vento se torna agradável de sentir, morno, envolvendo com conforto os corpos, atiçando beijos suaves em bocas desejadas e bem demorados, como prenuncio mágico do equinócio que, virá também acariciar, quando o sol de paixões cruzar o equador, de todas as mais plenas fantasias e, sentidos latentes.
Um mês de superlativas sensibilidades, pois, explode de excitações a natureza em floradas com tantas e variadas matizes de cores, tornando explícitas e diversificadas novas esperanças, outros modos, outras formas de conviver e de renovadas realidades.
E neste extasiante imaginário arco-íris de vontades e intenções renovadas que, somos chamados para aprimorar, lapidar, burilar e tornar mais confortáveis, novas emoções requintadas cujo ponto final é o equilíbrio.
Verdade!
Uma crença antiga diz que, na lua de setembro estão escondidas todas as coisas perdidas na Terra. Por isso, quem olhar para a Lua Crescente deste mês, poderá pedir de volta algo que perdeu, esteja perdendo ou não quer perder.
Peça também, pois não custa nada olhar para o céu e contemplar no infinito mundo quem nem imaginamos o inicio e fim, com tantos sinais luminosos de generosas estrelas, astros e cometas, acenando para a menina que é você, através da menina dos seus olhos.
E se chover no dia seguinte, você foi atendida.
Então sentirá na sua pele, encrespada por desejos, a umidade da voz rouca do céu sussurrando dentro do seu ouvido, palavras com ardentes propósitos sob a aprovação de anjos, sejam arcanjos, serafins ou querubins ungidos.
Entregue-se então, aos intensos prazeres!
E quem sabe, nesta onda favorável, eu possa a ser convidado - por estar cada vez mais encantado com este nobre edifício das artes e impressões do virtuoso Monet - um dia, visitar o apartamento mais desejado das minhas improváveis excentricidades, afinal só falta este trezentos e dois, já que, dos trezentos e um, e trezentos e seis, guardo eternas e inesquecíveis lembranças de quadros pintados em noitadas de cores, inesquecíveis.
Desnudemos as incertezas, vamos botar fé no hoje, convidar a realidade para um grande bailar no amplo salão de todas as melodiosas harmonias e sem querer, ser um indivíduo cabotino destes que, procuram chamar atenção ostentando qualidades reais ou fictícias, mas, rogo que você confesse com a sua boca que, eu até podia ter nascido do seu ventre.
Questão das infinitas probabilidades!
Não nasci, portanto, nunca será incestuoso o nosso amor. E não é lindo amar assim, sem garrotes, amarras, deixando nossas indecências fluírem, os gozos se tornarem fluídos, os prazeres não terem medidas, podendo ser descabidas o quanto quisermos?
Setembro tem cara de virgem, intenso, reluzente do ouro que podemos minerar, eu em gruta de acesso desejado, você com mecanismos outros que, elevem e mantenha os fôlegos, preparado para o que der e vier.
Se vier, dando, será então um setembro de fazer inveja aos mais dedicados artistas do teatro grego que, precisavam de suas mascaras para se transformarem a cada ato em novas e distintas personas e, de personalidades distintas.
Sempre marcados por performances exuberantes com tantos jeitos, traquejos, gingas, idas e vindas, nossos atos são únicos.
Não me prive de nenhum deles, antes que se feche a cortina.