Eu era muito jovem e um dia pensei na minha morte. Estava debaixo do chuveiro e os pingos então começaram a doer no meu corpo como se fossem pedradas.
A idade foi chegando depois. Tinha muito medo
do que estava pensando e achava tudo aquilo um desaforo pois afinal, me sentia
imortal.
Hoje
já muito menos menino e muito mais desaforado reconheço que o medo de morrer
ficou guardado na minha inexpugnável caixinha de lembranças das coisas do
passado.
Mas
leva tempo para a gente reconhecer que é mesmo imortal!
Leva
o tempo necessário para a gente compreender que só os infelizes pensam neste
último ato e que quando encontramos a felicidade aí sim a certeza de que somos
eternos.
Mas
vou prevenindo se quiser ser imortal, veja as coisas materiais e a tendência à
acumulação de bens com parcimônia e apenas as tenha, o suficiente para viver e
ser feliz. Saiba também recuar. Saiba também reconhecer os erros. Saiba também
ser melhor. Enfim, saiba!
E
o maior dos saberes que podemos acumular e crescer sempre e apontado por
aqueles que verdadeiramente nos amam.
E
por falar em amor - e não estamos mais falando de nenhum outro tipo de amor e
sim, exclusivamente agora do incondicional amor entre duas pessoas que se
tornam uma, dois seres humanos que se entregam corpo e alma e suspiram juntos
quando um ou outro ouve sussurrar em seus ouvidos palavras, frases ou o calor
de lábios que se estalam fazendo que o tempo pare.
Tornar-se
imortal e conviver com estes momentos de um eterno amor.
Então
é muito agradável não sentir mais os pingos do chuveiro caírem como uma pedra
sobre nossos atemorizados e infelizes corpos.
Portanto,
espero todos vocês por aqui, para sempre.
Paulo, comecei rindo ao ler a primeira frase, depois fui ficando séria igual a cachorro em canoa. Casualmente estou escrevendo uma crônica e falo em morte. Quando somos adolescentes, pensamos que somos imortais, exatamente isso, quando a felicidade é enorme. Com os anos, as orelhas vão murchando e caímos na real: um dia vamos, fui! Acontecerá e fiquei a pensar o sentido de tudo... Há algum sentido, meu amigo? Serão tantas as emoções... rss
ResponderExcluirBelo seu texto, um dos melhores que li aqui.
Beijo.
TAIS,
Excluiro "sentido" a qual você se refere é sentirmos o amor que nos imortaliza apesar do desprendimento eventual de uma casca que protegia em "vida" nossa alma e abrigava nosso coração.
E muito carinho como recheio.
Um abração carioca.
Revisto-me com seu texto e, vejo-me diminuindo bagagens que vamos acumulando, muitas vezes supérfluas, e que após nossa partida, pouco, muito pouco, ajudará ou servirá para alguém! Quando jovens, presunçosos... Na maturidade, zelosos por um final tranquilo...
ResponderExcluirAbraço.
CÉLIA RANGEL, e tratando-se de você devo curvar-me perante as evidências pois, sua bagagem intelectual é formidável.
ExcluirMas a tranquilizo que a força do amor dos que convivem com você,jamais deixarão que nada se perca.
E vamos viver intensamente a vida!!!
Um abração carioca.
Ai que lindo, Paulo!
ResponderExcluirSó tem que tive que ler e reler pois aquele dedinho apontando pra baixo, fazendo sinal de ok e dando tchauzinho me desconcentrou...ria toda hora. Fiquei alegre com essa visita.
Abraço petropolitano!
SANDRA MAYWORM,
Excluirobrigado por tudo , obrigado pela visita.
Um abração carioca.
Paulo.Que lindoooooo! Um verdadeiro texto de reflexão sobre a vida! Basta tão pouco para sermos felizes e vivemos a acumular coisas que nunca preencherão vazios em nossa alma.
ResponderExcluirComo disse no comentário no meu, esse seu post é para não se esquecer nunca!
Adoro esse lado sério também.
Obrigada pelas visitas e comentários tão carinhosos
Feliz noite de terça_feira.
Beijos sabor carinho
Donetzka
DONETZKA,
Excluirvocê sempre muito generosa!
Um abração carioca.