"Todas as Mulheres do Mundo é um exercício sociológico que tenta esmiuçar pela visão masculina a revolução sexual das mulheres dos anos 1960. A independência feminina da época, escancarada e oposta à das gerações anteriores, pegou uma leva toda de homens de surpresa, sem poder mais se espelhar no comportamento de seus pais. Era preciso inventar um novo jeito de se relacionar, um novo viver social. O filme aborda esse novo viver sem julgamentos ou voyeurismos, se inserindo nele e aproximando o espectador da vida desses casais".
Fonte: Site cultural Valkirias
Nos anos 60 e 70 o ator Paulo José trabalhou com os maiores cineastas em atividade como, Hector Babenco,Leon Hirszman,Maurice Capovilla,Luiz Sérgio Person, Mauricio Gomes leite e Cacá Diegues entre outros.
No filme de Domingos de Oliveira de 1967,Todas as mulheres do mundo, no entanto, Paulo José iria transformar-se num raro personagem que levaria todos a um excepcional exercício sociológico para as novas gerações na qual um dilema se impunha ou seja, abrir mão das mulheres do mundo ou não, para dedicar-se a um único e exclusivo amor com a professora primária carioca Maria Alice, interpretada por Leila Diniz. Dito dessa forma parece, hoje em dia, um banalíssimo enredo porém, contextualizado à sua época na qual latente em todos os homens preponderava a fúria de poligamias, em muito facilitada pela explosão do ideário feminista de libertação social, nela incluída a sexual, era um fator de qualquer arranjo e loucuras coletiva que pudesse assegurar a intenção de transar com todas as mulheres do mundo. Elas estavam ali, prontas ao consentimento e livre compartilhamento para aquilo que durante sempre constituiu-se em um tabu indesejável. É absolutamente primoroso quando Paulo encontra com seu amigo Edu e começa a contar os seus problemas de dificuldades de relacionamento com Maria Alice que lhe oferecia o bem comportada chance de uma atitude monogâmica a que o verdadeiro amor impõe. Mas logo agora? E abrir mão de todas as outras? Esta é a indecisão do personagem, esta era a indecisão de todos os homens do mundo, cariocas ou não. Um filme excepcionalmente impecável, simples, sem trucagens, preto e branco o qual fez a cabeça de uma imensa maioria de uma geração, ferver. Paulo era o arquétipo perfeito daquele tipo urbano carioca e seus imensos conflitos em ter que optar entre todas as mulheres que lhes esvaiam por entre os dedos ou aquele seu único grande e verdadeiro amor.
Paulo José agora está distante fisicamente de nós mas, impossível esquecer de um personagem que marcou de forma definitiva um dos grandes conflitos e para muitos apontou os caminhos menos tortuosos entre a opção por todas a mulheres do mundo ou uma única e verdadeira.
Um filme, um ator , um personagem do qual homens da minha geração jamais poderão se esquecer.
Sinta-se iluminado onde estiver Paulo José, amigão e camarada que, a morte audaciosamente engoliu e tentando assim, separá-lo do nosso dia-a-dia.
Ledo engano!