Era desses homens que detestava ser anônimo.
Falava alto na rua, tocava
muito nas pessoas com se as quisesse trazer para si. Costumava dizer que, o que
sempre desejou era ser era uma celebridade, mais tinha certeza de que jamais
seria famoso, pois teria sido amaldiçoado por Deus, no dia em teria “feito mal”
a sua prima, ela ainda nem debutante era e ele já um adulto e ainda ter exigido
dela silencio sob ameaça física de consequências imprevisíveis. Naquele dia,
movido por intenso sentimento de culpa, elaborou esta fantasia psíquica que lhe
incitava a fechar-se para qualquer oportunidade desta sua única e insubstituível
vida.
Então convivia com esta punição imaginaria que lhe gerava
uma profunda lacuna dentro de si, sentindo-se pequeno, tolhido, incapaz, incompetente
pela espada de lâmina afiada do
Criador constantemente, sobre sua cabeça e, sempre
procurando algum motivo na vida para superar sua pequenez interior.
Uma delas era plantar árvore mais tinham que ser grandes, tipo
palmeira imperial imensa mangueiras, eucaliptos, pois achava que árvores que não
cresciam eram iguais a ele, portanto, pequenas, sem expressão e anônimas.
Árvores grandes apanhavam mais sol, respiravam mais ar,
sentiam muito e melhor a força dos ventos e as rajadas de chuvas, enfim tudo aquilo
que como ser humano ele não tinha conseguido alcançar. Era um arbusto espinhoso
e retorcido típico das regiões das Caatingas nordestinas, esparramando-se em
solo arenoso e cáustico, que queimava mais do que, as mãos do vaqueiro
distraído quando pega o ferro em brasa para marcar o gado, pelo lado errado.
Sente então a dor desmedida a que submete o animal.
Esta a dor que, ele também, sentia.
Era a dor de ser um
anônimo.
Sonhava com multidões o importunando, mulheres cutucando-o
nos lugares por onde passasse sedenta de levá-lo para cama junto com sua
popularidade. Era por isso que tinha ódio de ser anônimo, pois se sentia feio,
sem o viço e a espetaculosidade dos famosos.
Nunca tinha dado um autógrafo. Isto o martirizava e ficava escrevendo
seu nome nas brancas paredes do seu quarto, como se treinasse para um grande
evento que lhe estava ainda reservado pela vida.Um mega-show no Canecão
abarrotado de enlouquecidas fãs.
Era ácido, de difícil trato, indesejável, egocêntrico, feio
e vivia rezando para chover, nos fins - de -semana, para estragar os planos de
todo mundo, e assim diluir um pouco sua inveja nos outros, nos cornos e nos
corpos fervilhantes daqueles que eram felizes e gostavam da vida.
Apesar destas distorções de comportamento tinha uma incrível
e inusitada sorte com as mulheres, o que, porém ele atribuía - devido ao seu
obscuro sentimento de autoflagelação social - ser uma mera atitude de compaixão
por parte delas. Nada sincero!
E, também tinha muitos amigos que, ele os via com sua
percepção doentia de anônimo neurótico, como uma grande equipe médica e estivessem
sempre atentos para levá-lo a uma sala
de uma unidade de tratamento intensivo, após severo acidente vascular cerebral,
fulminante.
Fantasias mórbidas!
Imaginava então, todas aquelas mulheres que lhes eram
disponíveis e aqueles amigos, vestidos de branco, e ele na maca com paraplegia
irreversível, rumo à escuridão eterna do anonimato sem retorno.
É assim que pensava
aquele homem que jamais percebeu que sempre fora o ator principal, o
intelectual mais aplaudido, o milionário mais cobiçado, o mais laureado homem
das artes, desta majestosa, única e insubstituível oportunidade que teve de
nascer e continuar vivo, e não ter sido abortado, numa clínica clandestina de subúrbio,
por sua mãe que jamais pensou em se desfazer dele e o via como a mais
importante pessoa do mundo.
Afinal, só ele se considerava um inútil!
Penso que tudo isso que se resume ao tal anônimo está aqui:
ResponderExcluirEra ácido, de difícil trato, indesejável, egocêntrico, feio e vivia rezando para chover, nos fins - de -semana, para estragar os planos de todo mundo, e assim diluir um pouco sua inveja nos outros, nos cornos e nos corpos fervilhantes daqueles que eram felizes e gostavam da vida.
Conheço gente assim, igualzinha!
Confesso que esse conto, bem narrado, me deixou uma antipatia grande por esse anônimo, Paulo! As histórias são assim: ou nada se leva, ou o tanto que levamos de um conto, causa alguma reação!
Beijo, amigo, uma linda noite de Natal a você e sua família.
Até!!
TAÍS, um feliz tudo pra você também e seus familiares.
ResponderExcluirPaz,saúde e amor.
Obrigado por tudo!
Um abração carioca.