DO CORPO E DA ALMA.

 

                                                                 


        

Devemos sempre debulhar, desbagoar e descascar o milho, o trigo do pão nosso de cada dia, lavar bem esfregado os resquícios das terras ainda incrustradas nas superfícies das leguminosas e tubérculos que acabamos de arrancar do abençoado solo fértil e assim, dando brilho às batatas, inhames e aipins que nos saciam e acabam com nossa fome orgânica.

Tratar do nosso corpo com respeito e remando sempre que possivel em águas pouco revoltas nestes mares e rios que se avizinham de nós a cada nova empreitada recheada, como aqueles bolos enormes de aniversários de debutantes, de desafios e desafetos outros e envoltos em densas nuvens cuja visão embaça e dificilmente nos permitem admirar a espetaculosidade de um arco-íris generoso a nos indicar o começo na terra  e final de tudo no céu. Viver com sabedoria e competência este mágico intervalo do nosso nascimento que não pedimos e da morte inevitável que não queremos.

Quanto ao corpo físico ,portanto as atitudes sempre são mais pragmáticas, objetivas e entre banhos diários com sabonetes desejáveis de fragrâncias das lavandas usuais vamos pelas ruas, esquinas , praças e estradas das nossas existências vaporizando odores que gratificam a nós e a sensibilidade olfativa dos outros.

E quanto a nossa alma, alguma mudança no modo de operar? Nenhuma mudança!

Escove sempre a superfície da sua alma exatamente, naqueles locais em que se encontram as marcas ferruginosas e acumuladas como verdadeiras crostas das impurezas que deixamos ali serem depositadas nos erros cometidos durante nossas vidas. Faça movimentos circulares e incessantes usando detergentes da melhor origem e qualidade como os do amor, solidariedade, respeito, fé e vontade. Sim, vontade de continuar vivendo sem deixar que sua alma seja enfraquecida, despedaçada e esfrangalhada pela corrosão inevitável de anos e anos os quais sobrevivemos.

Viver é debulhar o que se coloca para dentro do corpo e escovar com movimentos fortes a sujeirada aderente em nossas almas, jogando para fora.

Um cálice enfeita-se quando acomoda porções desejáveis do tinto vinho da vida. É belo! Nunca deixemos que se quebre.




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