SOBRE OS AMANHECERES EM QUATORZE CAPITULOS.

           

                                                                     

     
Os amanheceres sempre surgem naquele lado da nossas janelas .Em geral os amanheceres sempre tem uma janela preferida .E começam com sons suaves como se fossem de relaxantes músicas clássicas de um Mozart, Beethoven, Bach e tantos outros mais ou menos conhecidos , mas com certezas todos,em geral muito virtuosos e que aprendemos a gostar e respeitar por suas sutis diferenças e aprimoramento técnico consagrados e escritos em suas partituras.E que quando as orquestras que os executam tem à frente um habilidoso maestro dá uma vontade imensa de ficar rolando na cama pra lá e pra cá  como se recusássemos a perder aqui dentro de nós o majestoso clima de tranquilidade e aconchego que a natureza nos oferece lá fora.
E de repente começamos a ouvir cuícas, surdos e tamborins que nos invadem os ouvidos  e transformam aquela suavidade inicial dos nossos sentidos que teimam em ficar em estado de contemplação numa agitada,ritmada,sincopada e alegre bateria de nossa escola de samba preferida e o corpo antes invadido por calmaria, agora atende ao chamado do rodopiar competente de um Mestre -sala e da Porta -bandeira. E a visão frenética de habilidosos passistas inundando de movimentos as passarelas dos nossos corpos, e mentes finalmente, anunciando o despertar . Os amanheceres que inicialmente nos convidavam à letargia do encantamento daquilo que estava acontecendo lá fora,agora nos sugerem um salto rápido para o cumprimento das responsabilidades do dia-a-dia, E pela frente temos mais um milagre da vida qual seja, a própria vida ecoando dentro de nós.Na realidade nenhum amanhecer é igual ao outro pois, na verdade, apesar das aparências, também nenhum rio é o mesmo apesar das suas águas passarem sempre pelo mesmo lugar. Nossas vidas são águas de um rio, nunca as mesmas pois, com responsabilidades outras, deveres diferenciados neles nos jogamos esperando saber nadar a favor e contra a corrente.Esperamos sempre que aquele amanhecer não nos jogue em rios turbulentos e que seja generoso e previsível e que logo ali não exista uma cachoeira imensa em altura e perigo que fatalmente poderá nos engolfar. Não existe segredo para nos tornarmos sempre e cada vez mais encantados com os nossos amanheceres, pois somos nós mesmos que com as nossas atitudes iremos nos preparar sem maiores percalços para o de amanhã que, certamente ira chegar.A vida é tão sábia que nos dá toda uma noite para nos recuperarmos dos cansativos deveres e responsabilidades que sempre batem nas nossas portas.Aptidão para resolver problema é ter a sabedoria que não precisa ser pretensiosamente a de um  Salomão ou a generosidade de uma Santa Irmã Dulce. Não! O que se espera, para que possamos ter a felicidade de vermos um novo amanhecer, é compreender que, assim como a febre é uma indicação e sinal de alerta do organismo , da mesma forma as nossas más intenções e desrespeitos àqueles que nos cercam, a falta de solidariedade e socialização das coisas boas que possamos oferecer à vida é sempre uma atitude boa conselheira. Para as febres existem os competentes fármacos antitérmicos, mas para a maldade humana e infelizmente ,restarão o sofrimento e o repensar de como estamos sendo inapropriados à vida. Este o derradeiro remédio!Essa pode ser uma utopia, mas vale à pena perseguir os caminhos convencionados como corretos da conduta humana ou simplesmente não aprenderemos nada com a vida que sempre começa no amanhecer apostando que a cada dia poderemos ser melhores do que fomos antes. E imprescindível que possamos conviver com as utopias sempre acreditando que iremos concretizá-las.