Um dia o sol acordará coração e nuvens no céu estarão
disponíveis para ele como mantas brancas de afeto, envolvendo e protegendo
aquele corpo pulsante de calor, com batidas compassadas, sempre ansiosas, à
espera que a noite possa chegar.
E com ela a sensual imagem de uma lua mulher desnudada em corpo e luz, de seios fartos, ancas generosas e boca atrevida, obstinada pela certeza de uma dança inesquecível,naquele encontro celestial único.
E com ela a sensual imagem de uma lua mulher desnudada em corpo e luz, de seios fartos, ancas generosas e boca atrevida, obstinada pela certeza de uma dança inesquecível,naquele encontro celestial único.
Então, os dias e as noites serão uma coisa só, sem divisão,
nenhum antes do outro, jamais aquele esperando por isso ou aquela na
expectativa daquilo outro, como se uma grande e única estrada estivesse se
abrindo no infinito dos firmamentos e os braços abertos de todas as estrelas os
convidassem para o vinculo de uma caminhada só, sem solidão e definitiva.
Cântico coral de muitos astros se reunirá e os ecos de tão
belas harmonias invadirão nossas vidas.
E pensar que tudo isso será feito em nome do amor.
E não será muito, nada nunca será muito para fazer ferver o
amor no tacho mágico da feiticeira sábia ou da fada madrinha, entre gnomos
brincalhões.
A brincadeira é a coisa mais séria em qualquer amor, aquilo
que afasta a mesmice, enxota os sapos zoiudos, as cobras astutas, os
vitupérios, as injurias e maledicências invejosas dos terceiros, alguns sempre
do contra.
Ser feliz é eleger o amor através do sufrágio universal das
nossas trocas de afetividades constantes, depositadas em urnas lacradas pela
maior motivação que pode e deve mover o ser humano em direção à sua própria transcendência,
quando ele tira o pé do chão e alça voo rumo ao esperado encontro.
Democracia alada da alma!
E ser feliz no encontro é olhar o sol que, agora transmutado
em coração, abraça a lua mulher desnudada,simples, complexo, reto, sinuoso e contraditório.
O amor que não souber conviver com o contraditório e
defender-se sempre das probabilidades indesejáveis dos afastamentos, é apenas
submissão.
Afinal, o verdadeiro amor é muito melhor que cheiro de terra
molhada por aquela chuva fina providencial e tão agradável como um grande final
do Cirque du Soleil.
É aquele amor que não se rende às evidencias imprecisas.
Não aceita o inevitável como verdadeiro, pois, para quem ama, tudo pode mudar, e se não muda, não era amor, se não pula por cima das futilidades eventuais, não era amor, se não é capaz de superar momentos pífios
por outros melhores era apenas uma simples acomodação de corpos, inútil,
insossa, motivado por ânimos equivocados de carências quaisquer, ao preço de um
e noventa e nove nos comércios das esquinas dos desencontros.
Podemos combinar então que eu seja um sol, acordando coração
e você a lua desnudada em corpo e luz?
Se puder, puxa aí esta manta branca das nuvens da fantasia e
quem sabe de ladinho, encontremos a melhor posição para vivermos a eternidade
dos nossos sonhos.
Assinado, seu gnomo brincalhão.