OPÇÃO DE AMOR.

                                                 

Nossos corpos imitam a vegetação da natureza. Temos rios internos que caminham com a seiva da vida por todas as partes irrigando nossos órgãos. Sobrevivemos então.
E guardamos também dentro de nós muitos vulcões, aparentemente extintos. Apenas aparentemente!
 E o que dizer de uma imensa floresta com nutrientes variados para manter de pé esta árvore da vida que caminha conosco desde o nascimento. Somos árvore, também.
Fortes troncos que sustentam imensas copas de folhas e até flores de tantas e variadas cores.
A vida humana fica sempre refém das integridades das margens dos nossos rios internos que, podem receber muita água em suas nascentes, pelo inesperado de tempestades ocasionais e que, engrossam suas águas e parecem que levarão tudo a perder.
Aquele vulcão sempre sob controle e que, parecia nunca mais iria explodir, um dia começa a fazer muito barulho e dentro de nós tremem todas as nossas convicções que parecem estar sendo engolidas pela nuvem negra de lava expelida em golfadas incontroláveis, da sua cratera enraivecida e exposta.
Nossos imensos buracos de dor!
E possível, também que em torno do tronco que mantém de pé nossas vidas, comecem a vicejar todos os tipos de ervas daninhas que grudam ali, parasitariamente e enfraquecendo toda a nossa saúde, sugando a seiva da alimentação vital da sobrevivência de tantos sonhos construídos e antes, sob a sombra generosa de uma frondosa proteção de verdes folhas de esperanças.
Vamos secando e parece irremediável que, a ação dos ventos fortes das incertezas e contrariedades quebre toda nossa estrutura em um momento de fraqueza.
Seríamos somente isso? Estaríamos sempre condenados e indefesos a qualquer mudança na ecologia dos nossos sentimentos e emoções?
Não, pois é hora de olharmos para o voo dos pássaros!
Necessário de faz então nos desprendermos do solo que está começando a desfazer-se entre brechas secas de um árido momento de desilusão.
Chegou a hora de transcendermos das amarras que nos prendem encurralados no canto escuro de uma situação adversa e com as asas enroscadas nas nossas próprias inseguranças.
É hora de mais uma vez olharmos para o voo dos pássaros.
Então teremos a certeza de que, eles também são parte da natureza como nós, porém distantes das armadilhas que nos prendem aqui embaixo.
É o momento de transcender, romper limites, criar novos espaços e outras tantas possibilidades que abram novas janelas, na infinitude da sua grandeza.
Que o faça voar como os pássaros e ver de cima o que, estava destruindo sua felicidade.
Transcender então seria colocar em ação aquele conjunto de atributos próprios e, ainda escondido nas reservas finais de nossas forças.
É hora de usá-las!
Mas seria de bom tom, de muito boas maneiras, e um ato definitivo de inteligência que, para desprendermos, transcendermos e voar mais alto do que todas as nossas mazelas  humanas, aceitássemos dar as mãos àquele que conosco voará por todos o céus das nossas novas vidas: Deus.            





CONFISSÃO EXPLÍCITA DO MEU EGOISMO.

                 

Abandone tudo, foco só em mim, evite olhar para nenhum lado da sua vida que não me contemple, no qual eu não seja a mais extraordinária aurora boreal do seu dia, o  mais tenro vento morno da sua existência.
Desconheça outros  braços, duvide sempre deles, afaste-os, pois, nenhum calor afetivo será mais generoso do que o meu, nenhum sorriso mais franco do que o meu, nenhuma boa nova de outro serão tão boas e novas quanto as minhas.
E venha toda, sem passos tímidos, atire-se, jogue-se, faça de mim seu jardim imenso de lírios brancos e, voe em torno dos meus saborosos frutos se é que preferes me visitar no horto.
Sou diversificado, tenho texturas diversas e se mesmo assim faltar alguma qualidade outra na minha pele, enrugo daqui, contraio dali até chegar ao ponto que as suas mãos sintam-se nela, confortáveis.
Mas, abandone tudo, e não faça igual a bíblica mulher de Ló ,pois, se não quiser virar estátua de sal, não olhe para trás, afinal, tudo foi levado pelo tempo, escorraçado pelo presente de um mar intenso que não admite, os meios termos antigos ou sequelas passadas daquelas marolas inúteis.
Estamos aqui íntegros, entregues, únicos, os que foram paridos pelos quatro cantos crescem e nos vêem como dois adultos sim, é que permanecem crianças, um do lado do outro, babando nossos rostos com os inevitáveis gostos dos prazeres incontidos.
Volúpia sabe? Sabem?
Qual a diferença?
Que seja qualquer coisa, pode ser uma tara, uma vontade, a melhor posição das nossas almas em redutos abertos, fechados, pouco importa desde que, seja de nós dois.
As tempestades antigas que existiram já choveram e escorreram e, assim também, os traumas, momentos menos felizes, abandone tudo, sejamos os  merecidos nômades de novas terras as quais acabamos de conquistar, nômades em fuga de qualquer possibilidade de lamuriar sobre o indesejável.
São tantas as estepes que nos esperam, tantos os campos imensos a percorrer e sempre com direito adquirido a uma parada técnica para continuados prazeres, constantes, inadiáveis, viscerais, tal qual a necessidade de respirar.
E sem histórias de maçãs, muito menos cobras que nos atentem,ameacem com suas pseudo e péssimas intenções, pois, no nosso paraíso conquistado, nós pecamos sim, sem  nenhuma necessidade de aconselhamento, eles fluem como  aquele voo de um pássaro antes filhote mas,agora apto.
Nosso pecado não é mortal é o da vida.
Explode em bocas grudadas de corpos desejosos, sem limites, um colossal rio sem margens, o mar maior de águas infindáveis com ondas serenas e temperatura amena.
E ambos sabemos nadar!
Aguente e suporte este meu explicito egoísmo declarado, quando disser que, nós dois somos muito mais do que todos, somos de todos os outros, aqueles muitos outros, os mais superlativos, com uma grandeza maior de coração muito mais barulhenta, forte, compassada e sábia.
Sábia?
Isso mesmo, por conter você.



OBRIGADO!

                                               


Agradecer de repente, nos faz pensar ser uma ritualística prosaica e muito formal,apenas um cacoete existencial antigo que, apenas vicejou em novas terras da modernidade adubadas tão somente pelo hábito aprendido,adquirido,dito mas não sentido, na grande maioria das vezes.
Como aquele “tudo bem?” nos cumprimentos corridos nos quais, mal olhamos nos olhos do outro, sentimos a sua proximidade ou paramos para um dedo de prosa como se diz no interior.
Quantas vezes esta palavra é dita de forma absolutamente automática,como se fosse o rezar burocrático de uma Ave Maria, por quem apenas deseja desvencilhar-se de uma obrigação, sem ligar o nome à pessoa, o fato ao ato, apenas um rastejado movimento de palavras sôfregas e insossas.
Quando não sentimos o que falamos, não exprimimos nada, nem encanto, nem desencanto, amor, ódio ou muito menos indiferença, alegria nem tristeza.
É um redemoinho de palavras e frases soltas de conteúdos ora, assemelhados a uma breve chuva de verão ou àquela evaporação instantânea de um pingo d’água ao cair desprevenida, numa chapa aquecida.
Porém, quando dita com a razão de todas as razões,o sentimento de tudo que nos fez mais feliz, os momentos que se eternizaram em nossas lembranças e impregnaram cada uma das nossas células vivas e intensas dentro de nós, então tudo que esta palavra em significados quer insinuar, explode verdadeira.
É o obrigado por tudo!
Tudo que pode ter sido muito ou muito pouco segundo, estas relações de grandeza que a maioria de nós costuma atribuir, se foi muito ou pouco alto, pouco ou nada profundo, menos do que poderia ter sido muito mais,esquecendo-nos no entanto, que um quilo de algodão ou um quilo de chumbo, apesar de variarem de tamanho,são exatamente, um quilo.
Podemos andar a pé, mas de mãos dadas com a felicidade. Podemos voar em luxuosos aviões, no entanto, em cadeiras separadas. E estarmos em Veneza, mas, nos sentindo num árido deserto ou à beira de um lago sem nenhuma expressão, desconhecido e simples, mas, com uma emoção compulsiva forçando nossa glote, fechando nossa garganta, exacerbando nossa respiração e lacrimejando continuadamente os nossos olhos.
Não importa o valor da passagem que paguemos por uma viagem,o lugar mais conhecido e desejado do planeta para onde formos,o luxo em serviços e atrações variadas que se nos oferecem.
Não importa.
Importa somente este meu obrigado, por você me ter feito tão feliz.
Obrigado por ter convivido um vida tão simples comigo, mas definitivamente de atitudes muito extravagantes.
Obrigado pela visão do espelho d’água de um lago que, continua a refletir o seu rosto, em meus olhos.
Obrigado por ter sido imensamente generosa e sempre compreender que, são todas estas nossas diferenças que nos unem, e que, jamais deveremos permitir que sejam diferentes disto.
Obrigado por tanta prova de amor!