EU. (ACHO).

                                                                           


 Não sou cubo, não sou poliedro,muito menos triângulos cheio de lados pois, quando olho, olho é de frente, sem ângulos de soslaios,hipocritamente sextavados,esquizofrênicos ,difusos e disfarçados entre muitas faces, como quisesse me esconder entre quinas pontiagudas, as minhas fraquezas.Sou humano, mas não sou torpe!
Portanto, falo de frente,erro mais não me escondo em noventa , cento e oitenta ou trezentos e sessenta graus de sumiços oportunos de comodidade,fugindo do cara-a-cara.
Minha geometria de vida é plana,o que me facilita pisar no chão com segurança,sem resvalos, por esta razão, tropeço menos e quando caio não espeto em mim o que não devo.Tenho poucos espinhos cultivados no caule da minha vida.
Aprendi desde cedo e disto tenho a certeza de que, as crianças quando caem machucam rostos, joelhos, braços, e eu como adulto quando caio, firo a alma, e a esgarço provocando descontinuidade naquela frágil e sempre ameaçada integridade da sua forma. E como não vendo minha alma ao diabo-tendo como moeda de troca meus habituais e possíveis desvarios - procuro mantê-la intacta.Sou humano, mas se erro não fujo.
Afinal,sou o que me deixaram!
Tenho certeza da minha pequenez e sou menor do que os Lírios do Campo, de qualquer uma das sete ou dez maravilhas do mundo ou do que um sorriso banguela de inocência de um bebezinho que acabou de chegar . Este sou eu. Megalomania não faz meu tipo!
Porém, sou muito maior do que a ingratidão, a violência e esta injustiça social entranhada nas vísceras perversas dos desequilíbrios entre esses e aqueles,aqueles e aqueles outros.
Nunca fomentei a injustiça social provocadas por mutretas e roubalheiras daqueles cujo caráter é ostentarem uma riqueza surrupiada de terceiros e sempre com a justiça batendo às suas portas.Não dormem e se dormem, em geral tem gastrites que os atormentam e vísceras outras que por dentro,lhes incomodam.
Eternos condenados!
Sou produto de uma eterna vontade de ter senso critico,o que me ajuda muito quando o interlocutor é generoso e prejudica demais, quando diante de inescrupulosos falseadores que vivem fugindo à procura de buracos e esconderijos, infelizmente sempre deixando seus rabos de fora.
Olhem para os presídios!
Quando em noites de lua, sempre reverencio os rostos das mulheres mais próximas,as escolho pelo caráter, jamais pelas contas bancarias,abomino o cafetão e se chove cubro-as com meu tórax, e na praia, abro mão da barraca protetora pois, quem as cobre é meu corpo.Nos jardins da vida,prefiro as rosas!
E como sei que as flores murcham , no sol forte,meu instinto é de proteção!
Sou a antítese, o desconforto das piadas sem graça,o emaranhado de fios que sobram atrás do computador, a colmeia barulhenta e desorganizada após uma certeira paulada que a desfaz matando a abelha-rainha. Sou aquele que não tem medo que o feitiço se volte contra o feiticeiro e que nunca se satisfez com trinta moedas amaldiçoadas que chegam com aquele eterno sabor ácido do fel de ingratidão e traição. Fico com o sabor de mel! 
Prefiro o pouco,mas gosto dos bons gostos e gosto de poder dormir em paz.
E se quisesse me descrever ainda mais , aí sim ,eu pararia por aqui mesmo e imediatamente, porque tenham a certeza de que ,apesar de muitas coisas boas e outras ruins que tenho, a maioria boas já lhes enumerei todas e o que agora lhes teria para dizer, seriam todo o resto dos meus mais impublicáveis defeitos , quem sabe omitidos?
Perdoem, mas é uma questão de sobrevivência,não devo gerar provas contra mim mesmo!

SENTIMENTO DE CULPA E UMA CRISE DE IDENTIDADE.


                                 



Era desses homens que detestava ser anônimo.

 Falava alto na rua, tocava muito nas pessoas com se as quisesse trazer para si. Costumava dizer que, o que sempre desejou era ser era uma celebridade, mais tinha certeza de que jamais seria famoso, pois teria sido amaldiçoado por Deus, no dia em teria “feito mal” a sua prima, ela ainda nem debutante era e ele já um adulto e ainda ter exigido dela silencio sob ameaça física de consequências imprevisíveis. Naquele dia, movido por intenso sentimento de culpa, elaborou esta fantasia psíquica que lhe incitava a fechar-se para qualquer oportunidade desta sua única e insubstituível vida.

Então convivia com esta punição imaginaria que lhe gerava uma profunda lacuna dentro de si, sentindo-se pequeno, tolhido, incapaz, incompetente pela espada de lâmina afiada do
Criador constantemente, sobre sua cabeça e, sempre procurando algum motivo na vida para superar sua pequenez interior.

Uma delas era plantar árvore mais tinham que ser grandes, tipo palmeira imperial imensa mangueiras, eucaliptos, pois achava que árvores que não cresciam eram iguais a ele, portanto, pequenas, sem expressão e anônimas.

Árvores grandes apanhavam mais sol, respiravam mais ar, sentiam muito e melhor a força dos ventos e as rajadas de chuvas, enfim tudo aquilo que como ser humano ele não tinha conseguido alcançar. Era um arbusto espinhoso e retorcido típico das regiões das Caatingas nordestinas, esparramando-se em solo arenoso e cáustico, que queimava mais do que, as mãos do vaqueiro distraído quando pega o ferro em brasa para marcar o gado, pelo lado errado. Sente então a dor desmedida a que submete o animal.

Esta a dor que, ele também, sentia.

 Era a dor de ser um anônimo.

Sonhava com multidões o importunando, mulheres cutucando-o nos lugares por onde passasse sedenta de levá-lo para cama junto com sua popularidade. Era por isso que tinha ódio de ser anônimo, pois se sentia feio, sem o viço e a espetaculosidade dos famosos.


Nunca tinha dado um autógrafo. Isto o martirizava e ficava escrevendo seu nome nas brancas paredes do seu quarto, como se treinasse para um grande evento que lhe estava ainda reservado pela vida.Um mega-show no Canecão abarrotado de enlouquecidas fãs.

Era ácido, de difícil trato, indesejável, egocêntrico, feio e vivia rezando para chover, nos fins - de -semana, para estragar os planos de todo mundo, e assim diluir um pouco sua inveja nos outros, nos cornos e nos corpos fervilhantes daqueles que eram felizes e gostavam da vida.


Apesar destas distorções de comportamento tinha uma incrível e inusitada sorte com as mulheres, o que, porém ele atribuía - devido ao seu obscuro sentimento de autoflagelação social - ser uma mera atitude de compaixão por parte delas. Nada sincero!

E, também tinha muitos amigos que, ele os via com sua percepção doentia de anônimo neurótico, como uma grande equipe médica e estivessem sempre atentos  para levá-lo a uma sala de uma unidade de tratamento intensivo, após severo acidente vascular cerebral, fulminante.

Fantasias mórbidas!

Imaginava então, todas aquelas mulheres que lhes eram disponíveis e aqueles amigos, vestidos de branco, e ele na maca com paraplegia irreversível, rumo à escuridão eterna do anonimato sem retorno.


 É assim que pensava aquele homem que jamais percebeu que sempre fora o ator principal, o intelectual mais aplaudido, o milionário mais cobiçado, o mais laureado homem das artes, desta majestosa, única e insubstituível oportunidade que teve de nascer e continuar vivo, e não ter sido abortado, numa clínica clandestina de subúrbio, por sua mãe que jamais pensou em se desfazer dele e o via como a mais importante pessoa do mundo.


Afinal, só ele se considerava um inútil!