AMOR.OBSESSÃO,JAMAIS!



                                                                       
                                              
O amor comeu minha dor de cabeça e o meu medo da morte. O amor comeu minha carteira de identidade como diria João Cabral de Melo Neto.
E como eu nunca soube fazer poesia como ele descobri que, amando você não ficaria devendo nada daquilo que a poesia dele transmite na sua plenitude maior apesar da minha incompetência e de ter sido sempre muito pior do que ele, maior, no entanto, quando aprendi a exalar para a vida em poemas de outras métricas difusas, incompletas e incorretas ,mas verdadeiras tudo as rimais sentimentais que sinto por você.
Quantas vidas e, quem diria quantas almas iguais ao poder e às forças de Severina consegui reunir nas minhas mais declaradas e aparentes obsessões afetivas por você. Somente aparentes!
Reconheço que um amor pleno e intenso perturba até mesmo as classificações apressadas que confunde os incautos e desnorteia os comuns.
E mesmo com os pés rachados pela inclemência dos tempos difíceis que atravesso de vez em quando, caminhando descalço pelo ressecado, duro e ressequido solo do nosso amor que racha a sola dos meus pés, o mesmo que pisou Severina nos Sertões veredas  e que, mesmo assim, vou aos tropeços e solavancos batendo estacas com meus pés no barro quase impenetrável e cheio de buracos traiçoeiros e veios de terra disformes, empoeirado de sacrifícios, da minha vida e daquela que você também viveu, Severina!
Então, finjo-me de morto só para me transformar em assombração. Fugir dos calangos famintos das caatingas áridas.
Porém, jamais me transformo em retirante e continuo Severino, babando nos rastros do rabo da sua saia nos desertos de crueldade que outros semeiam tirados do calor insuportável do sol inclemente que não deixo ficar fora ou na terra e sim, trago para dentro de mim para aquecer ainda mais, a fornalha acolhedora que continua aquecendo o meu amor por você.
Sagrada e mentirosa obsessão, sacrilégio contra Ave-Maria cheia de graça aqui entoada em ritmo de bolero dois pra, e dois pra cá e encoxando você nos meus mais extremados momentos de desejos.
 E que me perdoe, mas Virgem Maria a mãe de Deus é mulher sabe do que eu estou tratando, como saberia da mesma forma aquela que foi a minha própria mãe.
Não é obsessão não, e sim, coisa de pele, precioso e de ininteligível decifrar como seria aquele que encontrasse plumas em um cachorro atolado no nada.
Só consigo sobreviver sob o calor do sol que impiedosamente fere de mágoas os retirantes, mas, que a mim, dá a sensação de ser a única forma de continuar vivo e ardendo nestes espaços finitos da terra antes de alçar voo obedecendo ao toque final das trombetas angelicais, no ultimo momento do ultimo suspiro, no qual serei também compelido a ser apenas pó celestial no universo dos pós do qual um dia eu vim.
Meu amor por você, única forma de transcender ao dia-a-dia destas mesmices do mundo que insiste em viver enroscados em tristezas e maldades, recitando versos das espúrias ações de quem acha que só eles sabem mais e que ,o resto é o pobre burro que nada sabe, escravo e vitima da sua inapetência por nada saber a respeito de nada.
Longe de você Inflamo de sangue minhas veias e por entre elas as transformo em rios de lutas por você que quase as arrebento e só com você por perto, minha pressão arterial se acomoda e perde a mania de querer explodir e ser o melhor instrumento de sopro da vida, vaidade esta que pode levar meu corpo a uma síndrome absoluta de derradeiros momentos.
Não vejo no meu amor nada parecido com obsessão por você, nada parecido como aquele tal de apego exagerado a um sentimento ou uma ideia desarrazoada, coisa apenas de quem escreve dicionários, mas não sentem nas vísceras das verdades que estão escondidas nos átrios direitos e esquerdos pelos quais passam o sangue da minha paixão por você e endereçadas aos mais tenros ventrículos correspondentes do meu coração e finalmente, contribuindo assim para o bater no compasso cuidadoso para não parar e a única forma de me deixar sem saída para continuar entre festejos tantos de clarões múltiplos nos céus da minha felicidade.
Driblei a morte Severina!
Enganei o solo rachado maldito do momento final, recusei-me a aceitar uma pequena cova, feita para mim sob medida, numa terra que sempre quis ver ser dividida, não é e nem jamais será uma cova grande para meu pouco defunto, pois é aí que gosto e me enrosco de saber que tornei a minha vida incomensurável, imensa, densa e meu amor a  minha luta por você insistente, incansável tomando e dando bordoada, sangrando e fazendo sangrar, porém muito mais vivo, integro e certo de que você é tudo aquilo que me move a ser intransigente e transgressor e usar a enxada para fazer covas cada vez mais profundas e inacabáveis.
Descobri que você me tornou imortal!
E na luta pelo nosso amor sou insistente, incansável, intransigente, maluco e desvairado e pouco importa agora se me tornei amante tão fiel, por tantos confundidos como um obcecado!
Fico esperando pelo próximo rótulo que será colado na minha garrafa cheia de inebriante espumante o qual sempre espalho pelo seu corpo de menina e vivo sugando com a força ainda indomada da minha boca de um garoto imberbe.

NÓS E OS OUTROS!!!

Tudo aquilo que acontece com a gente são as coisas mais importantes do mundo, afinal foi com a gente e, nós somos a nossa melhor companhia.
No outro nós respeitamos a dor, a ausência, os desencontros e a isto chamamos solidariedade, mas em nós,sentimos,vivenciamos,
curtimos cada minuto das coisas que dilaceram, apoquentam, colocam à prova nossa coragem, insultam a ordem natural da felicidade que lutamos para preservar, por esta razão quando é com a gente o buraco é muito mais embaixo!
Nada mais humano, natural do que este cheiro absoluto e definitivamente atávico de sobrevivência e que, nos instiga à luta, mexe e remexe tudo por dentro, e na escuridão daqueles momentâneos sofrimentos nos leva a acendermos os nossos derradeiros e poderosos refletores.
Eles irão consumir a energia estocada em nós e com a qual responderemos à altura as agressões que a vida nos faz.
Ilumina-se então o novo palco da vida no qual colocaremos todos os nossos personagens e seus textos elaborados durante todos os anos, até chegarmos ali.
E musica também, tem! E tem balé mágico com sapatilhas douradas, contrariando as brancas de sempre, afinal agora é tudo ou nada, sem mesmices!
De repente a platéia se levanta. Aplausos demorados. Alguém nas cadeiras do meio grita: Bravo!
Pronto ganhamos mais uma, é a volta por cima, encontramos as forças necessárias, nem demos a menor bola para o azar, viramos a cara e definitivamente para o destino, fizemos a curva, encontramos o atalho, desempenho grandioso, digno de um grande final do majestoso Cirque du Soleil e, ainda não foi a vez da encenação final da morte do cisne.
Essa retomada das forças vitais, do controle que podemos exercer sobre as agressões inevitáveis da vida ao passar dos anos das nossas existências, por mais contraditório que possa parecer, nos vem dos exemplos que identificamos e refletimos sobre aquilo que os outros estão passando,sofrendo, e convivendo.
É olhando para frente que buscamos novos amanhãs nos horizontes da vida, porém nunca duvide que é olhando para o lado que vemos os mais definitivos exemplos.
Olhar para o lado está muito mais próximo, a distância é muito menor, ficamos cara a cara com a verdade, descobrimos que é da fraqueza que o outro padece que, nos fortalece a combatividade.
É no outro e suas mazelas que, as nossas encontram o diálogo certo para temos conosco mesmo, e assim, verificarmos que, se em nós as dores são sempre as mais importantes e não nos outros, mas é na deles que renascemos em lúcidas transcendências para continuarmos de pé.
É exatamente, como se todos os dias vivêssemos reclamando que não temos muitos sapatos e ao olhar para o lado víssemos que,o outro não tinha as pernas. 

A SABEDORIA DAS MULTIDÕES.

                                         



Sempre que estive junto a você sempre tentei que  fôssemos um só. Pretensão absurda neste mundo de distensões, relaxamentos e frouxidão de objetivos, no qual, o nosso umbigo é sempre o mais bonito e importante. Porém, apesar de corpos separados, continuo a insistir em querer que sejamos um só em pensamentos. O fato de você - de forma planejada e estratégica - não querer mais me ver pessoalmente torna indigno, feio e desarrazoado tanta sutileza que havia nos nossos olhares. E convenhamos, mancha com borrões inúteis nossas pinturas em afrescos que deixamos em cada calçada que pisamos e muros pelos quais passamos. E foram incontáveis. Então, insistindo como sempre, vou tentar equacionar esta sua contradição.
Ao me ver imagine que no lugar do meu rosto esteja a solidariedade. Isto mesmo, pois, neste mundo no qual o egoísmo fala mais grosso e rende muito mais ainda, eu não estarei ali. Percebeu?
Ao estar comigo pessoalmente, você não vai sofrer se no meu sorriso identificar sinceridade. Que é isto? Você então se perguntaria! Não estaria ali novamente, não seria meu rosto, afinal quantas pessoas sinceras você conheceu durante a sua vida? Pouquíssimas, não é? Porque teria  que ser eu, uma delas? Continuaria muito pretensioso! Toma vergonha,cara!
E se por todos os diabos, todos os males, todos os fingimentos personificados em amigos e nesta legião de ingratos e traidores que se amontoam mundo a fora e aquele montanha de seres humanos inescrupulosos e interesseiros, vagabundos de todos os matizes que vendem a alma por trinta moedas e que nos circundam, você ainda identificasse nos meus olhos o amor?
Ria , deboche, infle o peito, arregace as mangas da sua sabedoria e intelectualidade para  então desprezar sumariamente aqueles sinais enigmáticos, estranhos, fora dos atuais contextos e somente dignos de pessoas insanas, malucos de primeiras águas traiçoeiras prontos para afundar e com sentimentos esdrúxulos fruto de uma mente doentia que acredita no amor!
Desculpe, mas neste caso eu estaria ali sim! E sinto informar que seria eu mesmo sem pejo nem pudor a demonstrar coisa tão antiga, desatualizada, ponto fora da curva, desestabilizado emocionalmente, ferido e encharcado pelos respingos saídos das bocas daquela multidão que logo nos cercaria gritando: Babaca!