SOCORRO!




                                                                     
E quando as pernas não sentem mais o chão,a cabeça fica vazia e uma sensação de náusea persiste dia após dia, o dia fica com jeito de noite , a noite daquelas sem lua e céu de estrelas escondidas?
Fica um gosto insuportável de que o amanhã pouco importa e o ideal é de que ninguém mexa em nada à nossa volta , nenhum barulho aconteça, nada fora do comum se faça presente e pedimos inclusive que os pássaros calem-se!
Lágrimas insistem em estar presente até quando ficamos assistindo programas infantis na televisão e deparamos com a  alegria constante da gurizada,sempre na esperança de que logo um outro dia , um outro mês seguinte ,um outro ano após aquilo tudo surja, pois, naquele momento estamos com a vida mergulhada em absoluta desesperança e solidão.
Para irritar ainda mais,uma inoportuna nesga de sol irrompe entre as nuvens pesadas de um dia frio e sombrio e aquilo parece uma ameaça,torcemos para que o sol só volte a brilhar bem longe de nós porque o que se quer é dormir, enfurnado na cama incômoda da nossa falta de prazer para qualquer coisa.
O que terá acontecido?
Será que andamos acompanhando muito as desordens politicas,
estaríamos muito preocupados em sermos politicamente corretos e aceitarmos, contra a nossa formação moral todos os modismos e outros ismos de uma sociedade que já achamos insuportável?
Deve ter faltado mais amor, com certeza foi isso,esvaíram-se as nossas emoções plenas e maiores que nos davam sustentação e nos mantinham de pé, fomos derrubados por uma sensação de inutilidade absoluta vagueando entre horas infindáveis que jamais terminam.
Tudo muito difícil de ser explicado, muito difícil ser diagnosticado como tudo aquilo que fazem parte de um todo da mente enfraquecida e quase entregando os pontos.
Então surgem as dores.
Juntas que queimam,músculos que parecem ser de vidro prestes a quebrar e nas costas um peso inadmissível de suportar e carregar,afinal pesam toneladas e nos empurram para baixo,o mais perto do chão possível.
É um momento difícil!
Deve passar, deve acabar um dia,não pode ser eterno este inferno que veio substituir uma vida que era muito feliz,se não a mais feliz uma vida que, jamais pensou em pedir socorro.

CRISÁLIDA.



Enquanto tudo era viçoso e verdejante jardim, novidades semeavam as relvas e as plantas novas bem cuidadas, refestelavam-se em regozijo de peito aberto em céu azul de nenhuma nuvem. Crisálida, no entanto, entre crisântemos esplêndidos, ainda sôfrega, quase imóvel, não podia fazer rastejantes, alegres e contínuos vôos de amor e relacionamentos contínuos no ambiente que foi feito para ela, também.
Sonhava ser beija-flor.
São as jogos da natureza que apostam nas aproximações e incentivam as trocas, entusiasma-se com os comensais visitantes e os que, por ali, já têm aposentos fixos.
Há uma permissão nestas visitas aos reinos majestosos da mãe-natureza com trocos e trocas bem definidos.
Forte e intenso calor do sol é sempre muito bem vindo e, algo diz que não é possível uma existência separada entre isso e aquilo, aquilo e aquilo outro, enfim, integração e solidariedade crescem juntas e florescem.
Jardins ficam assim, completos na comunhão, daquela harmonia.
Ventos mormos, por vezes irão soprar, algumas nuvens se aproximarão ofuscando o esplendor de um sol antes muito forte e iluminado, mas agora entre pesadas nuvens se esconderá e ameaçadores presságios indicarão fortes temporais.
Pássaros se protegem, crisálidas imóveis e presas temem, enquanto houver incertezas no tempo, pois, agora, cautela se faz necessária, o recolhimento é bom conselheiro, não pode haver exposições, e sim,respeito à chuva que cai, muda o tempo, mudam as condições, enfim, daqueles novos tempos.
Caem os primeiros pingos de chuva, caem as primeiras lágrimas do céu no jardim imenso e acolhedor da vida que, sorrirá revitalizada pela  certeza de novas semeaduras.
Tantas outras flores e plantas explodirão, e muitas espécies de todas as ordens naturais serão convidadas para aquele banquete das diversidades.
Assim é o amor.
Há momentos de intensas liberdades, sem freios no que está estabelecido, sem pejos nem pudores, nenhum aguardo de outra situação que não seja o viver intenso dele mesmo.
Não irão importar pequenas ou grandes diferenças disto ou daquilo, afinal, ninguém é espelho de ninguém e somos o que nos deixaram ser, vivemos o que aprendemos, aprendemos exatamente, com aquele outro que é diferente de nós.
Nos jardins existe a crisálida que ainda não pode voar. No amor também, crescem momentos nos quais, algumas nuvens encobrem o sol ,mas pingos de chuva trarão as amenidades.
Devem ser recebidas com mutuo consentimento, e então, finalmente, a crisálida será borboleta, o céu novamente se abrirá tingindo-se de azul cor de menino à espera do rosa da menina que, virá naquela nesga iluminada do sol e das nossas fantasias.