O MEU LUGAR EM VOCÊ.


 Nosso amor tem uma forma ectoplasmática indivisível na qual, nenhuma das nossas moléculas afetivas se quebrará mais, pois, conseguimos encontrar a excelência de um estado químico confortável e de perene estabilidade das nossas emoções, tudo isto construído e conquistado pela força de um sentimento que, já nasceu adulto.
Eu em você, como a síntese deste nós, independemos das externalidades que irrompem como espasmos de vontades já sepultadas nos terrenos baldios de um perverso e conflituoso passado e que,transformamos em nova realidade e dela emergimos, voltando a respirar.
Você feriu de morte o Cavaleiro do Apocalipse eu, investi contra a Hydra decepando suas sete cabeças confusas e nós, aprendemos após, tantas vitórias, a selecionar e escolher melhor os mimos que a vida e os bufões destas conhecidas óperas pífias de cenários desabados,nos voltam a oferecer.
Aprendemos a perceber que, inevitavelmente, alguns daqueles presentes terão a cara e o corpo de um indesejável Cavalo de Tróia, autentico engodo destrutivo.
E, por termos aprendido a subjugar tantos outros personagens do mal,até mesmo Zeus identificou-se conosco, apesar da monumentalidade das alturas que sempre esteve e, mandou nos convidar para subirmos ao Olímpio.
Declinamos com humildade, e no momento certo, quando descobrimos que,também aquele generoso deus mitológico, apenas queria usar os nossos pés fincados em solo firme de um amor sólido, para colocá-los naquele tal do Aquiles,em substituição aos seus calcanhares inseguros, precários e vulneráveis.
Como vê temos escapados sempre destas armadilhas existenciais.
O meu lugar em você tem se mantido ileso, assim como, as suas opções e certezas afetivas tem conseguido fôlego necessário para dribles desconcertantes em nossos adversários.
Nosso entorno,portanto, não necessita mais de cercas protetoras, afinal,é no encontro dos nossos corpos, pulsar compassado dos nossos corações e trocas inevitáveis de calor que nos mantemos afastados daquela fria infelicidade pretérita. 
Temos nos mantidos afastados dos perigos que, possam gerar outras nódoas em nossos corpos e principalmente, nas nossas almas.
Agora, nosso espetáculo de vida tem a beleza do sorriso banguela de um bebê, a incontida permanência de um abraço acolhedor de mãe, a sinceridade de nossas mãos estendidas um para outro e,certos de que,estas mãos jamais se transformarão em armas que machuquem,macerem,magoem ou firam a integridade do nosso amor.
Que venham,portanto, as novas pragas do Egito!

CARTA E RESPOSTA.

                                                                      



                                                               


                                                CARTA.

E é quando a saudade aperta que mais sinto sua presença.
Porque você está em mim. Seu cheiro, seu carinho, seu amor estão impregnados em meu corpo.
Me abraço e sinto o seu abraço, me olho e vejo seus olhos, me olhando, guardando a memória do que somos.
Quando a saudade aperta, suas roupas me trazem você, suas fotos mantém sua imagem bem perto e seu travesseiro acolhe meu rosto. Aperto-o contra o peito, faço dele a extensão de seu corpo. Corpo que nunca canso de apertar contra o meu.
Quando sua falta é física, invento uma maneira de trazer seu calor, seus suores e seus sons. Repasso nossa curta história em um longa metragem, curto é só o tempo, não a intensidade.
A presença na ausência é tão forte que me mantém atada, próxima, ao alcance.
Minha mente se transfere para o meu coração e meu coração pensa: sou dele e ele é meu. Não é posse, é certeza, é fado.
E do meu coração às minhas mãos, meu amor transborda em texto que escrevo para acarinhar.
Esse é o trajeto da minha saudade: da mente ao coração, do coração às mãos que estão, nesse momento, não vazias de você, mas cheias dos afetos que trocamos.
Você me acompanha, está comigo, em mim.
Se amor não é para principiante, saudade é para quem sabe amar.
Não sou principiante, sei amar.
Durma bem.
Um beijo.
                                   RESPOSTA.

Amor,dormi e tive um sonho.
Voava por entre cânions de fantasias no quais, vales profundos com paredes rochosas em forma de penhascos, formavam gargantas certamente, moldadas por este seu volumoso rio de felicidade que, abre no calcário da minha existência ,fendas irreversíveis através das quais eu respiro e vejo um céu pincelado de tênues nuvens brancas e inacabadas.
Suas fendas, seus vales,seus penhascos, este seu rio que irrompe alegre em mim,banha,hidrata e mantêm meu amor por você iluminado pelo sol de um  amarelado de purpurinas indescritível,  forte,mormo que, aquece meu corpo em únicas e singulares circunstâncias.
Eu era um pássaro, liberto do mal,liberto na alma,liberto dos garrotes que sempre me aprisionaram  ao tempo inexorável e nos dedos sempre contados, esperando que a natureza desse um dia o sinal e acendesse a luz vermelha do tráfego, aqui por esta vida...fechado!
Eu renascia ali, em alegre voo rumo a um horizonte eterno,monumental, sem dimensão de espaço e tempo.
Eu voava, para o infinito das suas entranhas, destes seus cânions generosos e sempre então que, morria,voltava ao seu interior,  onde você me abrigava e fazia-me nadar pelo rio majestoso da sua vitalidade ,eu saia e era parido mais uma vez - e foram tantas às vezes - para viver muitos e muitos anos, novamente.
Então, eu tinha encontrado em você a fonte da minha eternidade, a razão do nosso amor sem fim , sem aqueles indesejáveis espaços e tempos, nos quais os simplesmente mortais, delimitam-se nas rotinas  menores de dias contados, antes de dizerem adeus a tudo em suas vidas.
E nós renascíamos a cada novo dia deste sempre mesmo amor que, nos tornou imortais.
Acordei bem melhor.
Outro beijo.

NOCAUTE.



Não há sol que, ilumine a cavernas profundas que ficam em nós,depois de uma ingratidão que fere e marca feito gado, nosso corpo indefeso, surpreso pego como um olhar de soslaio.
Ninguém está preparado contra a ingratidão e, nem existe antidoto conhecido pois,esta selvageria comportamental,  só ocorre entre aqueles que se confiam mutuamente e depositam confiança extrema portanto,  jamais supõem, numa crença ingênua, que serão alvos do disparo inesperado de tais armas mortais.
Victor Hugo dizia que :  "Os infelizes são ingratos;isto faz parte da infelicidade deles".
Bem , então começamos por aqui, ou seja, eu cometo um ato de desrespeito a terceiros, ignoro tudo que fizeram por mim alheio àquilo que, me amenizou sofrimentos , porque sou infeliz e sendo assim, mais um também terá que ser, farei que outro viva igualmente, o meu  purgatório.
É a mesma história do afogado, que ao tentar salvarmos - e todo profissional desta área sabe disso - ele nos puxa também,para o fundo.
Na infelicidade não existiria nenhuma solidariedade,nada que impeça a contaminação deste vírus cruel,seja pela boca malévola das maledicências , premeditados atos de fofocas ou quem sabe, em práticas dolosas e meticulosamente urdidas em mentes doentias.
É muito vasto o campo no qual a ingratidão pode ser semeada,muito fértil a terra que são escolhidas para a sua reprodução no qual, o sol é usado como combustível do mal e seu calor ao invés de dar vida, queima de forma irrecuperável, extensas lavouras de amizades que jamais terão mais nenhuma colheita.
"A ingratidão provém, com certeza,da impossibilidade do pagamento de uma dívida" diria o escritor Honoré de Balzac em: A Comédia Humana.
Esta é uma obra hercúlea, extensa  e admirável com mais de  noventa e cinco romances nos quais é  retratada a sociedade francesa do século dezenove, muito parecida com todas as outras sociedades, antes e depois daquela sobre a qual, ele escreveu.
Somos todos iguais!
Afinal, humanos de osso , carne e pele até por vezes bronzeadas,  somos todos nós  e, se até as mais colossais rochas sofrem erosões do tempo porque nós não a sofreríamos?
Mas dói e imensamente, isso dói!
A força e o inesperado da violência de uma ingratidão, vinda do lado que menos esperamos é desconcertante.
Nos nocauteia e somos jogados inertes na lona fria dos ringues da vida, sem sabermos sequer o nome do golpe que sofremos e a sua razão, como se aliás, pudêssemos  sentir menos,ou ficarmos menos revoltados, se o golpe fosse menos sujo.
Portanto,nunca é menos pois, sempre nestes casos é muito mais!