METÁFORAS DO AMOR.




Como tocar o seu coração, se não for através das metáforas?
Este seu coração vivido, habituado a ver muitas vinte e quatro horas da vida  passarem, aprendeu também, a fugir  sempre das palavras diretas, explicitas e passou a optar por formas indiretas de entendimentos.
Ele prefere a metáfora, esta poderosa figura de linguagem usadas em sentidos  diferentes e que, não seriam as mais comuns,para expressarem nossos pensamentos, mas que, as usamos pelas suas semelhanças ou representações figurativas entre dois termos possíveis  e tornarem, também, mais leves a compreensão do que precisamos externar.
Então, quando eu lhe digo que estou amando de forma tão intensa como um brilhante e vigoroso raio de luz, estou metaforicamente dizendo o que sinto bordado com palavras outras.
E pelo meu amor por você, merecer todas as metáforas possíveis que, ao vê-la descubro que seu imenso azul do céu da sua existência não é tão radical.
Descobri nele manchas de nuvens imensas que abrem brechas entre umas e outras pelotas de algodão de sua firme sentinela sentimental, brechas admiráveis para quem souber, medir exatamente a velocidade e direção dos ventos que levam estas nuvens , inevitavelmente, para o lugar mais frágil do seu poderoso,retilíneo e bailado corpo e, este lugar continua sendo o seu coração.
Então, depois que percebi isto e desta forma, o que era um portal imenso de madeira de lei deste seu castelo medieval intransponível cedeu lugar a uma entradinha florida, generosa e sempre facilitada quando os meus propósitos são de carinhos e afetos os quais não suporto viver longe deles, muito menos longe de você.
Antes, sempre que via você de longe procurava também entender como transpor aquelas muralhas fortificadas  das suas mais legitimas formas de defesa , construídas após ter passado por tantos sofrimentos pretéritos, e sempre à procura desta tal da felicidade, com movimentos de força, no seu presente de esperanças.
E confesso que sempre estive enganado, pois, é a suavidade que move suas boas vontades em quaisquer momentos, e não, as possibilidades de confronto.
Na verdade, são muralhas, não de barro, argila e pedra compactadas, mas sim, de amontoados imensos de sabedorias acumuladas e quem souber conversar com as paredes, penetrarão em você, sem o menor esforço.
Eu começo a penetrar!
Mas que o faça, com muito cuidado, pois, a construção é sólida e deixa de ser maleável sempre  que não houver sintomas evidentes de querências,dedicação e respeito, aliás a fórmula inevitável para que sobreviva, qualquer forma de amor.
Não é fácil, pois, em principio todos nós temos dificuldades de entender as engenharias  do coração,suas complexas equações , receios das matemáticas confusas que a fundamentam , acharmos que  não entenderemos as álgebras  que, se fundem em massa forte e quase inexpugnável destas suas defesas, mas eu me gabo que aprendi a resolver as incógnitas das suas resistências sejam, os dos seus ângulos mais obtusos ou daqueles outros mais retos e  generosos.
E nem estou falando das suas curvas!
Levei tempo, mas finalmente hoje conheço exatamente, os valores de x e y das nossas vidas e, portanto, acabaram-se as incógnitas que andaram dificultando o  nosso amor.



JARDIM DA ALMA.



                                                   

Posso atrever-me em perguntar como vai este jardim plantado na sua alma?
Desculpe, não é intromissão na sua privacidade, mas estou apenas querendo saber que cultivas mais flores e de que tipos, os tamanhos, as suas fragrâncias, só isso, pois, tenho tido a impressão de que, como não chove emoção há muito tempo em você, quem sabe a terra esteja árida, rachando, inóspita.
Se for assim, não se habitue as estas péssimas condições, elas matam qualquer florada, e sem floradas não existem pólen, sem pólen escasseia o mel e escasseando o mel que, gosto amargo fica na boca, na vida.
Concorda?
Tenho tido a impressão que aqueles lírios que ficavam logo na entrada do seu jardim devem ter crescidos e as rosas, plantadas um pouco mais lá atrás devem estar multicoloridas em brancas, vermelhas e amarelas, mais das amarelas, muito mais das amarelas, afinal estas são as suas favoritas.
Queria saber também se predadores têm prejudicado o crescimento delas, infestando-as de maus agouros, grilos indesejáveis, saúvas oportunistas, invejas pequenas de quem nunca cultivou flores, jamais dormiu com o insubstituível aroma dos jasmins do cabo, fartos, em cachos, generosos, parecendo querer cobrir a vida de branco emoldurando em perfume tão desejável, todos os ares que respiramos.
Vou lhe confidenciar uma intimidade: Jasmins me excitam, acho que é por me lembrarem a pureza do branco, a timidez que vejo nestas flores frágeis, a abertura encantadora de suas pétalas ensejando a facilidade dos beija-flores ao penetrá-la, sugá-la, alimentação sublime de um néctar que dá vida.
E como melhora a pele!
Amor de pele esfrega em poros, esquenta em sensibilidades, implode em jorros de prazer de vida, alternativa única de sentir a eternidade.
Mas não queria tergiversar tanto, ir mais longe do que deveria, nem atravessar outros oceanos de fantasias e muito menos tentar encontrar estrelas habitáveis no céu.
Não, não quero isso agora, agora quero somente saber como andam as flores do jardim da sua alma.
Regadas?
Faça isso sempre, não perca para o desânimo afinal, todos nós sabemos que, quando alguma coisa vai mal nas nossas vidas a primeira da qual esquecemos é continuar a dar vida às flores das nossas consciências.
Se as nuvens das tempestades não passassem, teríamos um dilúvio por semana e isso não é verdade, houve um só e, outro, vamos torcer para que não se precipite de novo.
Também, a maioria dos vulcões das nossas mentes está aparentemente extintos, para que provocar suas possíveis e teóricas erupções novamente?
Deixemos o Vesúvio em paz e, Pompéia soterrada, não deverá ser repetida, pois, o calor das suas lavas e o devastador efeito do seu magma, é insuportável.
Todo bom compositor gosta de dizer que, para não dizerem que ele nunca não falou de flores, enaltecer em versos e harmonias outras a gardênia, margarida, rosa, girassol, tulipa e...
Não, esta flor eu não vou colocar aqui, esta última espécie de flor é minha, tem o seu nome, e só é encontrada no jardim que plantei, não na minha alma e sim, no meu coração.
Ela é única, mas sobre pedra,jamais iria florescer.

DEIXA COMO ESTÁ.







Perdido em tentativas, debruço sobre a mureta farta das minhas ansiedades reincidentes de um amor que é muito mais vasto do que eu e nem cabe mais, em mim.
Porém, estou na divisória entre a mureta que aqui ainda me contém, e me deixa seguro e outra alternativa que, tenta me remanejar  para outras realidades,mas lá embaixo a evidência de um precipício que mataria em mim todas as maravilhosas visões fantasiosas,ou não,das minhas preservadas felicidades.Então, não pulo.
E ficar aqui, sem movimentar, sem impulsos para me jogar é aceitar, por outro lado, todo o entorno como ele é, e como ele é às vezes vem a compulsão de querer transformá-lo.
É como se deitado na grama de um vasto gramado de um  amor pretensamente eterno, esperasse que num céu sem ser finito,  algo se mova , e eu percebendo isso pudesse criar em mim ,também, outros movimentos de oportunidades para mudar isso ou aquilo.
Ou seja, espero pela estrela cadente que substitua num curso sem fim, o fim das minhas limitações, pois esta é a verdade e, mais uma das essencialidades e facetas do amor.
Quem ama percebe-se diluído no infinito do curso das estrelas cadentes, gerando fantasias imprescindíveis a manter-se neste imaginário oráculo dos deuses que você sempre acha estarem disponíveis e o escutando, porém quando tosse , espirra ou sente sono, entra então a realidade das sensações finitas, e aí?
Você pula a mureta?
Confundem-se tudo novamente e dor, amor, bom, mal, bem, tristeza, alegria, saudade antecipada na presença, saudade da presença que irá, felicidade finita, momento que acaba e outros que nunca acabarão, pois jamais existirão,começa tudo isso a jogar contra ou a favor.
Força, fraqueza, motivação desânimo, calor, frio, ritmo, marasmo.
Afinal, o que impede que se pule a mureta quando o amor não cabe mais dentro de nós, quando ele ficou  maior do que nossas próprias concepções e racionalizações dele, o que impede?
Impede é a certeza de que o pulo sepultaria também, todas as nossas felicidades conquistadas e, mesmo deixando para trás alguns males, criaria outros irreversíveis e imperdoáveis, sendo o mais cruel, a solidão.
Matar um amor é crime qualificado e hediondo, pois não se dar chance de defesa a sentimento tão maior que nossas limitações e dele sempre ficarmos pretendendo nos revoltar em atitudes que envolvem controle e segurança, acaba o inviabilizando.
Não podemos sugar do outro a felicidade que não temos para cambiar, não podemos querer que, a quem amamos substitua a essência das nossas improbabilidades em vermos no céu a estrela cadente que não tem percurso verdadeiro dentro de nós.
Dialética eterna, entre amor e falta, dentro e fora de nós, e no amor que identificamos, no outro abundante de conseqüências e que em nós, falta.
Não existe transplante de felicidade.
Existe sim, o verdadeiro, o possível, e o verdadeiro e possível será sempre a possibilidade de síntese entre o que ama e transborda possibilidades e do outro que também, transborda amando e na mesma proporção, sentimentos iguais.
Não existem cirurgias mágicas em corpos que estão secos do nada.
A simbiose, troca, compartilhamento só se evidencia e marca território entre amores que se nutrem da mesma seiva, alimentadas pelas mesmas raízes profundas de cada um, em seus próprios corpos, fator maior e suficiente para dar e receber.
Escravidão de amor é pensar que podemos colocar garrotes em outros e colocá-los em troncos e pelourinhos chicoteando impiedosamente suas liberdades.
Neste caso quem irá sangrar , seremos nós mesmos.