DEU!

Estava esquecendo tudo de mim à medida que só lembrava tudo de você.Decidi então que,estava muito para você e absolutamente, nada estava me restando.O meu cheiro era o das suas roupas , seus perfumes,seus cabelos,seu corpo, enfim.Meu vocabulário estava se perdendo e apenas repetia seus jargões,suas metáforas sobre isso ou aquilo, os exemplos de sempre que você dava ,minha boca falava pela sua e minha cabeça,seguia o que pensava.
Comecei a achar tudo aquilo muito sem graça e comecei a rir de mim mesmo.Eram gargalhadas enormes,maiores que seus seios,muito maiores que suas nádegas, e sempre muito gostosas,mais gostosas que estas suas coxas que me enlouquecem e sempre derrubavam minhas últimas resistências.Nossa  você me fazia de gato e sapato.Lembra?
Eu deixava, porque uma gata como você sabia tudo de  esfregar,acarinhar,chegar,sair,lamber...
Nem sei o que mais, e se lembrasse não iria fazer propraganda pois, afinal, o que tem de botucas olhando para você já me deixava muito irritado, imagine se agora fico alardeando seus méritos.
A fila iria dobrar, com certeza! 
É isso, não vou plantar sementinha no seu terreno fértil de encantamentos, porque vai que eu amanhã me arrependa de estar indo agora ,certamente iria encontrar um Maracanã ou um Pacaembu superlotado de gente,batendo na sua porta.
É isso!E por falar em porta, estou saindo de mansinho, levo a chave comigo e não adianta mudar a fechadura, pois entro pela janela.
Mas,por enquanto "deu". Não é assim que você fala?
Está vendo como eu precisava realmente sair, para reaprender a falar com  minha boca?

VEIO PARA MUDAR.


Após cento e trinta anos um Papa não-europeu implode nas feições serena de um hermano argentino.
Papa Francisco que, optou na sua vida eclesiástica por uma forte e irreversível opção pelos pobres,pelas ruas, becos e atalhos onde os miseráveis e mais desfavorecidos deste mundo, catam as migalhas deixadas pela opulência daqueles que, de tanto terem, podem jogar fora os desperdícios inevitáveis.
E esta surpreendente eleição de Francisco, sócio do Clube Atlético San Lourenzo de Almagro, vai com absoluta certeza movimentar agora, a imensa arquibancada de um bilhão e trezentos milhões de católicos em todo o mundo.


Um gol de placa!
Este guerreiro jesuíta também, percebeu nos seus embates e, no  corpo a corpo com a sua sempre e humilde presença entre os menos favorecidos que, o Cristo e seus ensinamentos está perdendo terreno entre os católicos do mundo pois, afinal, distancia-se da evangelização das eternas verdades do cristianismo e cada vez mais, afunda em escândalos inadequados desta ou daquela natureza, de forma atabalhoada.
Bento XVI, exerceu sua dignidade com todo o rigor e cansado percebeu  que não podia mais manter a chave da Igreja Católica consigo pois, estava demasiadamente, pesada para as suas forças.
Então, de um aparente caos institucional no Vaticano, nasceu a certeza de que o Papa Francisco vai colocar ordem e esperança num mundo melhor, e isso fica explicito no seu rosto.Ele pede calma, orações e que, tenhamos a certeza de que nada continuará como antes.

Católicos ou não, existe sim, entre todos ,uma certeza de que este novo Papa e sua opção pelo contato direto com o mundo e pelos pobres,colocará os pés na estrada e para tanto já vestiu de forma protocolar, as indumentárias necessárias.
Ele sabe como bom torcedor de futebol que a hora é de suar a camisa.



ESQUECI DE LHE CONVIDAR PARA A MINHA REALIDADE.


                 
 Pois é, combinamos tudo detalhadamente ,a hora do encontro, o local sem muita gente para facilitar, um dia da semana ideal para nós dois,vestimos as roupas mais bonitas, ajeitamos os cabelos, lavamos o corpo com água de cheiro no melhor estilo da brava gente nordestina, afinal, bravos também estávamos e cheios de esperanças, enfim, aquelas coisas que acontecem quando começam os novos relacionamentos.

E quando isso faz –se presente, acende um sol interior que ilumina o universo da nossa escuridão interior e brilha nos olhos tanta alegria que por vezes e sem nenhuma explicação um lacrimejar involuntário desperta das pálpebras secas dos nossos olhos que só viam imagens de um passado de frustração e dor, como se quisesse banhar as secas emoções lá atrás deixadas.

O sorriso das crianças parece mais explícito, o abraço de idosos um clamar agudo que também, poderemos chegar lá,as pessoas que transitam ficam mais afáveis, simpáticas e solicitas mesmo que só nós as estejamos sentindo assim, porque estamos sentindo isto sim, um mundo que só a nós pertence.

Os dias passam , as alegrias, novidades, emoções recentes e os ímpetos de jovialidade e aceitação irrestrita do outro passa a dar lugar a uma nova necessidade de convivência que exige que, conheçamos um ao outro , independente da satisfação do que aquela nossas presenças nos nutrem.

Então, nossas realidades começaram a colidir,pipocar,engavetar em trânsito de idéias que geraram congestionamentos de caminhos diferenciados e de percepções muito incompatíveis e a cor amarela para um, é vermelho para o outro , em tudo sentíamos impasses tão intransponíveis que chegamos a confessar que só o amor não seria suficiente.

Parecia coisa de louco, pensar que só o amor não seria suficiente para manter juntos dois seres humanos que perseguem a vida toda e só, para que esta realidade lhes caia no colo e as façam felizes até que a morte os separe.

E quando isso acontece...

Mas, realmente,não é , acima do amor estão às realidades de cada um, como a vemos e reconheço que esqueci na volúpia da conquista, de lhe convidar para que conhecesse a minha e, quando isso foi possível, passados aqueles momentos atrevidos de sedução e entrega irremediável de desejos inevitáveis, vimos que realmente éramos absolutamente, inadequados um para o outro.

Quem poderia ceder? Poderia? Cederia?

Nem esperamos para ver se estes caminhos seriam possíveis.

Mas, valeu!