Se eu não puder ter você toda, não quero as partes. Falo da integralidade
densa, abrangente, infinita, sem cercas, divisórias, como se um amor pudesse caber
em montículos dispersos.
Não quero a parte disponível possível e que, esteja
acessível pela porta rotineira que abrimos com as chaves, quero isto sim, poder
ser eu mesmo a fechadura e ter todas as voltas e segredos para abrir você e
visitar seu intimo, na mais rosa visão das suas entranhas.
Ver o seu rosa, menina!
Já não convivo bem só com isto ou aquilo, aquilo ou aquilo
outro, afinal, ou a conquista é completa e consentida ou apenas ficamos
dividindo o mínimo dos máximos que poderiam ser comuns entre nós, divididos e
separados por bugigangas existenciais que não agregam valor ao amor, constantes
e absolutas incógnitas que jamais podem ser achadas e resolvidas.
Então, acontece que, a equação do amor fica insepulta na
realização, negação definitiva da verdade eterna de que o amor é tudo, negação
atrevida que desconhece a beleza dos adágios com seus altos e baixos harmônicos e
que no conjunto da obra levanta os sentimentos indormidos.
Quero ser o maestro,reger todos os instrumentos,
fazer-lhes sonoros no todo, conhecendo bem todas as suas partes, potencialidades,
vícios, virtudes e sofreguidões, os tons graves e agudos, todos os sustenidos e bemóis
das necessidades que ficam sempre incompletas neste grande concerto
para surdos.
Nós só sentimos o amor através do coração e coração é o mais
puro sentimento, a razão da razão o resto é só incompletude de rotinas que somadas
são sempre igual à coisa nenhuma, como foram as de ontem e como serão as de
amanhã.
Meu tempo é agora!
Não vivo do passado apesar de saber que o passado convive em
mim, mas quero abraçar e fruir sempre o esplendor dos segundos seguintes que, transformam minutos em horas seguidas de
dias cuja felicidade, devemos tecer como as competentes rendeiras de Bilro e
suas extensas obras de vestir e depois despir.
Ansiedade é o meu nome!
Ansiedade de andar para não congelar, vendo na natureza tudo, sem esconder meu olhar para os pássaros que venham ou não para perto e
principalmente, dos lagos em imensa plenitude de calma e absoluta
horizontalidade tranquila e sossegada de personalidade estável e em paz.
O contraponto para todas as ansiedades e solavancos, o antidoto
definitivo para tudo que exacerbe em nós, tenha controle.
E se não puder ter você toda, pode ficar com todas as suas
partes, pois, aí sim, a parte que me caberá em vida serão apenas os indesejáveis sete palmos de terra, abaixo.
Isto tudo foi para dizer que detesto coroa de flores e suas
indefectíveis faixas roxas com mensagens óbvias e as hipócritas lágrimas ao redor
já esperando a partilha de uma esquálida herança antecipada.