O PERDÃO : OLHO NO OLHO.

                                                       

Quando devemos pedir que outrem nos releve este ou aquele momento de menor lucidez,em geral, emoldurado de um descontentamento perverso e imerecido,uma fúria de búfalo no cio sem eira nem beira que, nos leva a atitudes impensadas e que fere quem não merece?

Quando?

É comum, quando chega o momento,nos desculparmos, pagando com presentes,coisas materiais,flores, bombons,ida a um cinema , teatro ou passeios,um jantar no restaurante preferido no intuito de, amenizarmos atitudes insanas que por vezes tomamos e as queremos recompensar e , logo admitimos em seguida , como um erro das nossas condutas.

Tudo bem que esses regalos materiais, sejam muito bem vindos e tentem provar a terceiros que nossa atitude foi precipitada e funcionam como uma espécie de escambo,troca,pedido de deixa pra lá.

Exatamente aquelas trocas, as quais fazemos quando cometemos algo errado, mas, em compensação, ficamos tentando corrigir com espelhos, água de cheiro, brincos ,colares e outras bugigangas e quinquilharias, tal qual, os nossos colonizadores também, faziam para cativar nossos índios.

Na realidade o que queremos é o perdão!

Queremos sermos vistos como seres humanos,falíveis, irascíveis,por vezes injustos, na maioria das vezes egoístas e quase sempre, impulsivos e deixando que, a razão leve uma rasteira das nossas emoções incontroláveis de momento.

De flores a um caríssimo carro Ferrari Testarossa - e que seja vermelha - ou uma viagem encantada a Dubai, ou qualquer outra contrapartida de afeto, o que queremos, mesmo e certamente, é o perdão.

Ser perdoado lava nossas manchas pretas de arrependimento da alma, o escárnio provocado em nosso interior que sangra agora em estado de culpa e inconformado, querendo retribuir com o céu e a terra, para soterrar o mal entendido.

Ok, tudo isso pode funcionar como um meio de estabelecermos o inicio do diálogo para a retratação.

Porém, a dignidade do relacionamento só se efetivará e de forma definitiva, com o olho no olho, o quanto mais próximo possível, com os rostos sentindo o calor das respirações e bocas quase coladas uma na outra.

Então, espera-se a atitude daquele que antes vociferou, bradou e gritou um punhado de ingratidões, balbucie com lábios trêmulos saído de uma fornalha de arrependimentos e sentimentos os mais profundos e autênticos,  aquela mágica palavra que em geral remove qualquer montanha de constrangimento: Perdão!

Dessa forma,vocês perdoariam?

FABULA DA LIBERDADE E DO MEDO.

                         


Local: Infinito das contradições.
Personagens: Liberdade e o medo.


Medo-Tenho certeza que você me sufoca,domina,controla, cobra, exige,aprisiona,cerceia...
Liberdade-Não era para ser assim.
Medo-Pois é, nem sei explicar, mas me sinto do seu lado aprisionada, sem assunto, sem graça.
Liberdade - Você já nasceu assim?
Medo-Assim como?
Liberdade - Sem estar acostumada a conviver com a liberdade?
Medo - Eu sempre fui livre.
Liberdade-Não perguntei isso.
Medo-Então perguntou o quê?
Liberdade-Se estava acostumava a conviver com a liberdade.
Medo- Já respondi.
Liberdade- Não você disse que sempre foi livre
Medo-E qual é a diferença?
Liberdade- Muitas pessoas são livres para viverem presas.
Medo-Isto é jogo de palavras
Liberdade- Não isto é um jogo fatal que a vida as impõe
Medo-Livres para serem presas?
Liberdade – É!  Livres para serem presas.
Medo- Eu vou pra onde eu quero.
Liberdade - Isto não é liberdade, é movimento, pois, vai sempre para onde deve ir.
Medo- Eu faço o que eu quero.
Liberdade- Isso é trabalho.
Medo- Complicou.
Liberdade - Quem tem sempre que fazer alguma coisa, não é livre, sinônimo de liberdade é o de não fazer, também.
Medo- E por que você está me dizendo isto e desta forma?
Liberdade-Simplesmente, porque estou falando com o medo.


Moral da história: Liberdade é saber dialogar com o medo.

PARA OS DIAS E MODOS MODERNOS.



                                                
                                          
Tenho uma maldita - para os dias e modos modernos – percepção de fatos que por vezes  é tão insólita quanto a inevitável obrigação de termos que sacrificar um cavalo só porque  quebrou uma das pernas e sempre achei isso o emprego de uma força desproporcional e covarde.
Também me tornei inconveniente, por deslize de caráter inadaptado – para os dias e modos modernos – na defesa de princípios e minhas picuinhas de ideias e ideais remanescentes de um passado cujos valores eram menos elásticos e se insistíssemos em ignorá-los arrebentavam na nossa mão.
Época aquela que, pelas mesmas razões sempre ficava com um pé atrás daquela  conduta desmedida-para os dias e modos modernos- a hipótese da existência dos himens complacentes, julgando-as naqueles tempos, farofices  e  bufufas  biológicas, descabidas desculpas e pensava simplificando, num fato correlato do elástico que sempre arrebentava nas minhas mãos quando eu o esticava demais.
Minha geração nascida no momento em que os povos se divertiam jogando bombas uns nas cabeças dos outros, sempre foi muito crítica, me indignava quando o ser humano ainda se indignava verdadeiramente - para os dias e modos modernos- no qual a indignação é só retórica, pois, poucos põem a cara a tapa nas ruas, nas praças ...
E por esta formação aprendida nunca aceitei conviver com amores que pudessem ter substitutos nem estratégias de substituição de interesses outros descartáveis-para os dias e modos modernos- e assustava-me o fato de que a mentira dita a uma mulher ou vice-versa, não  fosse ato de desvarios absolutamente ultrajante e que merecia ser punido sim, com a forca.
Impregnado e empolgado pelos intrépidos discursos de Cicero e Catilina que formataram meus modos de diálogos exacerbados e acredito ultrapassados- para os dias e modos modernos- principalmente para esta época atual, na qual tudo se explica e se justifica através desta porcaria inventada e que deram o apelido de: Politicamente correto.
E eu lá quero ser correto. Interessa-me ser justo!
Gavião intrépido de outrora e de encantamentos outros para as mulheres daqueles tempos que, me cercavam e me acolhiam com relativa generosidade- para os dias e modos modernos- vejo agora como fomos todos para os mais abissais e indesejáveis buracos de um chamado processo evolutivo social no qual, e pasmem, às vezes nem o café se mistura mais com o leite e onde viceja o racismo, o egoísmo, este pior dos capitalismos e...tantos outros ismos.
Portanto, entre isto e aquilo, aquilo e aquilo outro me aborrece muito, aquilo que era antes o amor- para os dias e modos modernos – e naquilo que se tornou.
Não que eu queira exumar Romeu e Julieta, mas me chateia não termos aprendidos com Shakespeare   o mínimo dos seus ensinamentos e necessidades vitais que apontavam para a verdade de como lutarmos por um amor autentico.
Isto é imperdoável!