POR ENTRE O SAGRADO E O PROFANO





 Por entre o sagrado e o profano velejam corações ora indecisos, ora convincentes, levando leves ou pesados fardos e cargas de amor ou de nenhum amor, pelos mares das fantasias afora, querem edificar as suas vidas, colocar cores nos cinzas enfadonhos do dia- a- dia, buscarem emoções, extrapolarem sentimentos prova inequívoca de que, afinal ainda estão vivos!
Por entre o profano sopram os ventos dos gozos em delírios desconcertantes e o trincar de dentes incontidos, mordidas de lábios em sofreguidão de desejos movidos pela avidez e impaciências querendo numa tarefa inglória segurar o que vai explodir em chafariz de regalos saídos da intimidade da carne.
Prazer!
Por entre o sagrado navega a embarcação rumo àqueles olhos quase divinais de uma mulher que será tudo, quer ser tudo, impondo-se sacrifícios, aceitando desafios, lutando e relutando contra as hostes inimigas dos piores momentos, enverga, mas não quebra,acredita no amor.
Que bom acreditar!
Por entre o profano agarram-se as nuas naus que desejam atracar sem pensar nas consequências e querendo somente que ancoras afundem naquele corpo arenoso de paixões incontroláveis, objetos de todos os desejos, de todas as luxurias, o quanto mais possa ser inclusive, de loucuras as mais benditas, loucuras de corpos como tantos outros  ou dedicados a um só corpo.
Opção de vida. Estratégia afetiva, querer tudo, todas...
Por entre o sagrado continua a velejar a nau da vida e agora correndo o risco de ver um corpo antes só de mulher transmutar em dois, com mais um dentro.
Não se multiplicam só os pães.
Por entre o profano a viagem continua interminável e certa irresponsabilidade consentida vive na cabeça das pessoas em só usufruir, acumular, consumir e ter que pagar um preço alto, mas isso não importa para quem pensa baixo.
Por entre o sagrado todos se  apegam a um ser superior, ponte de salvação, pedem,vivem pedindo, poucos dão, muito pouco ou nada reservam para terceiros, egoísmos superiores, nem parecem viver com os outros.
Isso é desamor.
Por entre o profano continuam as guerras, matanças, vinganças, falta sensibilidade e a razão escoou pelo ralo dos interesses, jogam bombas, jogam tudo que mata a esperança de vida da criança que não será adulta.
Caminhamos assim entre o profano e o sagrado e quem sabe um dia o amor seja a única arma,o método mágico que agregue, una, some, sem haver necessidade de depois dos pecados, sejamos obrigados a rezar e só para reparar culpas.
Isto porque quem ama vive em contato direto com a paz da sua consciência, independente de velejar seja por entre o sagrado ou o profano.

AINDA É NO PRÓXIMO PONTO.





                               
Eu não vou cair - mesmo que eu quisesse e nem quero- afinal é na luta que continuo a me manter uno, integro e multifacetado em possibilidades de ir por aqui ou por ali, porém, sempre de pé!
Já lutei contra todos quando eu era sozinho, com a chuva sabendo que podia me molhar, com o sol e tanto feri a pele que descascava em absurdas peles, peles velhas e danificadas, mas, só por esta razão reconstruí o meu corpo, encapando novamente o meu todo.
Abro os braços quando sinto amor, abro os braços quando quero amor, abro o berro se faltar braços que me abrace e amor que, não me ame. Sou assim!
Não sou o melhor e quem é? Muito menos a referência, detesto servir de exemplo, prefiro os pouquinhos de cada coisa e que me deixe amar mesmo estando tudo errado, o olhar que me deixa olhar, sempre na hipótese e fantasia de ter sido o primeiro e o melhor. E se sinto assim  nem caibo em mim de tanto orgulho.
Então se é manhã acordo, se é tarde continuo, mas a noite queria tanto que fosse só para você sem precisar continuar a lutar sem eira e nem beira, apesar de tanto orgulho, queria que fosse sempre o seu chamamento e nunca minha forma de implorar. Que cesse então o castigo.
Loucos somos todos nós nestes desvarios passageiros de uma vida com prazo de validade e, nem vou falar sobre isso, detesto.
Gosto é do jeito gostoso de ser eterno festejando no seu amor, debruçado no seu corpo, boca colada em sua boca, arte de fazer explodir desejos no ritmo cadenciado escutando os batuques de uma harmoniosa sensação que nunca vai acabar, de corpo contra corpo.
Se falta isso volto a lutar, não tem jeito, sou assim apesar dos pesares me sinto muito bem sendo assim,pois, não encomendo a domicilio, vou sempre às compras, dá mais trabalho, porém, vou buscar o que quero, na medida certa da minha vontade, onde junto do com as minhas certezas eu me acho sempre ganhando,dividindo com elas as mesmas calçadas.
Sozinho, morro!
E custa compreender que você é toda minha certeza, minhas calçadas, minhas razões, meu orgulho de tudo, uma chuva serena que só molha minha terra quando seca e necessitada?
Não existe fim se este olhar cruzar sempre com meu, e nem adianta ficar longe para manter o escudo da razão atendido, nem adianta, pois, o que aqui está em jogo é a verdade das emoções e estas, nos quer juntos, eternamente aflitos por causa de nada e por causa de tudo.
Tem que haver as causas sejam elas quais forem. As causas da vida, as causas da luta, as causas que nos motivam a continuarmos de pé.
Sem lutar morro. Não  posso morrer.
Sem lutar acabo em esquina errada de uma calçada qualquer e por enquanto, a única na qual eu quero andar é na sua.
Entenda que, ser forte, não é poder construir muralhas ao redor, ser forte é continuar amando e se você duvida, olha para o lado.
Estão todos soterrados debaixo das imensas muralhas das próprias intransigências que desabaram.
Todos os que insistiram em não lutar até a última chance de continuar vivo e feliz.
É por termos chegado até aqui que eu posso lhe garantir que, ainda não é o ponto final.




VIVENDO A SÍNTESE.






                                                          Há criaturas que chegam aos cinquenta anos sem nunca passar dos quinze, tão símplices, tão cegas, tão verdes as compõe a natureza; para essas o crepúsculo é o prolongamento da aurora.
                                                                                                                                   Machado de Assis.

Pedir para alguém apagar das suas lembranças o que foi vivenciado, seja qual for a  quantidade das suas experiências afetivas, é o mesmo que querer proibir o fato de continuarmos a respirar, supondo-se que, o ar que tenhamos respirado ontem, já tenha sido suficiente para nos manter vivos,hoje.
Somos envoltos e sempre em necessidades renovadas, emoções diferenciadas, sentimentos que teimam em brotar das nascentes eternas das nossas necessidades reais ou fantasiosas.
As experiências do passado podem conter sábios ensinamentos e dela extrairmos as melhores referências para que, tenhamos novos comportamentos mais compatíveis e adaptados com nossas novas vivencias  e desta forma,facilitar melhores soluções de vida no presente.
Mas, devemos observar aquilo que é essencial nesta convivência.
O cuidado de que, algumas vezes insistimos em viver aquelas experiências passadas de uma forma sempre igual e  tendo para elas,  reações e respostas que antes já não foram as mais adequadas, como se um cachorro estivesse correndo atrás do próprio rabo.
Então, corremos o risco das repetições que não deram certo e, vivenciarmos muito pouco aquilo que, nos daria a chance de crescermos interiormente, para continuarmos e por diferentes formas de aprendizado, a acumular bens de valores interiores apropriados e convenientes ao nosso equilíbrio emocional.
Quando insistimos em repetitivas respostas e não apropriadas às nossas novas realidades, um jovem pode ter experiências acumuladas de vida, muito superiores aos daqueles cujas fases cronológicas já começam a deixar para trás os tempos idos e no horizonte e o ocaso começa a se aproximar no céu das suas vidas., mas continuam imaturos em suas reflexões.
Viver realidades aprendendo com cada uma delas a ter soluções diferenciadas de adaptação aos novos tempos isto sim, seria um sintoma evidente de maturidade.
Quantos de nós vivemos toda uma vida, enclausurados numa mesma reação, ante uma mesma situação?
Acreditar no amor, é acreditar que ele ensina e facilita as respostas, aponta para as melhores opções, coloca o dedo indicador na direção correta das decisões.
Afinal, quem ama compartilha, quer ser companheiro, cuida e não se cobre de pejos ao ser igualmente cuidado, pois, sabe que aquela resposta é a síntese de um afeto explícito.
Aqui então a palavra mágica, pois, é esta síntese das nossas emoções que, representam muito mais do que uma soma mecânica de trocas rotineiras.
Quando somamos afetos, estamos apenas e de forma cumulativa, tratando com quantidades das rotinas diárias e a síntese é qualidade, uma nova e apropriada dimensão de entendimento.
Síntese, não é um mais um.
Na síntese, um mais um, enseja o aparecimento de outros planos qualitativos de relacionamentos desenhados nos traços certos das lições pretéritas aprendidas.
É  no amor, que esta síntese dos nossos aprendizados, se evidencia e se constrói, a cada novo tijolo de sabedoria acrescentado.