No dia 23 de dezembro à tarde, aquela mulher recebe via
Sedex, uma encomenda dos correios numa caixa branca e bem lacrada.
Ansiosa apressou-se a abri-la e então viu três peças
embrulhadas e uma a uma tirou dos invólucros. O que antes era
contentamento,fantasias,imaginação à flor da pele torna-se então, uma
perfunctória,rasa e indesejável decepção. Aquela mulher no auge dos seus 57
anos recebera três presentes, todos eles coisas muito baratinhas, destes que
detestava, pois, esperava o que,é normal nos seres humanos, sempre mais e muito
mais, porém ali, estava uma bonequinha de plástico, muito tosca, com uma roupa
simplória, cabelos vermelhos e botinhas de plástico.
A bonequinha era muito magra e alta, imitação brega e mal
acabada da Barbie.
Outro invólucro trazia uma bolsinha de pelúcia pequena e
rosa, coisa mesmo de menina, com uma borboleta desenhada em tom mais escuro, e
ainda, quatro elásticos prendedores de cabelos.
Finalmente, sob o sofisticado nome de Cooking Kitchen Set,
um conjuntinho de peças também de plásticos, todos na cor prata, sendo que uma
delas era a imitação da boca de um fogão, outra uma escumadeira, garfo e
colher, além de uma panelinha e frigideira. Enfim, tudo coisa bem baratinha,
para aumentar ainda mais a irritação daquela exigente cinquentona. Seu primeiro
impulso foi o de xingar com alguns palavrões e a seguir quis saber o nome do
remetente e lá estava:Jesus Cristo.
Ao voltar a remexer a caixa, viu que no fundo estava uma
pequena cartinha onde se lia:
-“Não a culpo por não acreditar em mim. Mas na proximidade
do dia do meu nascimento - data esta que você contesta e diz ser somente
invencionices e coisas dos homens - estou enviando simples e baratíssimas
lembrancinhas que você pediu e ganhou dos seus pais há exatos 54 anos, atrás.
Lembrou-se? Espero que sim, pois,naquela época pude constatar a alegria nos seus olhos, seu
nervosismo ao abraçar demoradamente seu bom paizinho e sua mãezinha querida,
dizendo sem parar: bigada,bigada,bigada.
Você só tinha 3 aninhos e espero que ainda esteja pensando
nos seus pais com a mesma alegria e satisfação daquela época, apesar das coisas
baratas agora terem se tornado uma praga para você.
Eu estou fazendo a minha parte para que, ainda possa viver
muitos e muitos anos e mesmo não acreditando em mim, nem ligo, pois eu acredito
em você. Passaram-se muitos anos não é? Muitos ainda virão. E se neste momento,
apesar de não estar ganhando as casas, os carros do ano dos seus sonhos, aquele
anel de jóia rara tão desejada, reconheça que estas lembrancinhas, um dia a
fizeram intensamente feliz.
Quer continuar a ser feliz como naqueles tempos? Viva cada
segundo da sua vida, sem pensar no que perdeu um dia e sim, naqueles muitos
anos de vida que ganhou desde aquele Natal e nos tantos outros que, ainda irá
viver.
A vida, esta sim, é o verdadeiro milagre que deve
extasiá-la. Não fique fazendo contas para a morte, isto jamais será você quem
irá determinar. A motivação para viver é a lembrancinha maior que deve
preservar, pois, não é cara, nem barata, nem coisa nenhuma, é tudo!
E caso venha a aceitar o meu pedido, imitarei você quando era bem pequena, repetindo:
bigado, bigado, bigado!”
Nháá, adorei! Quantas vezes, nós agimos assim, né? Esquecendo que o simples nos faz/fez/fará felizes e que humildade é atitude de sábios!
ResponderExcluirBeijoo'o
flores-na-cabeca.blogspot.com
SIMONE,
Excluirtodos nós ficamos , nesta época mais sensíveis, então é esta a oportunidade de reflexões sobre o que mudou e se mudou em nossas vidas,para melhor , para pior e como deveríamos refletir sobre tudo e principalmente sobre o dia que Jesus nasceu.
Poderíamos renascer com ele?
Um abração carioca.
Adorável de ler e precioso texto para meditar...
ResponderExcluirParabéns, Paulo !
..."bigada, bigada, bigada"...
CÉLIA RANGEL,
Excluirda infância à plena maturidade,hoje cerificamos que tudo passou num piscar de olhos.
A maioria de nós tornou-se independente das razões pelas quais viemos ao mundo que é amar ao próximo e não ficarmos olhando para os nossos próprios umbigos.
Lembrancinhas de infância deveriam continuar a ser tão importante para nós quanto, todo o resto que atualmente corremos atrás, e ao lembramos delas veremos que o valor das coisas estará e sempre nas nossas emoções.
Um abração carioca.
O valor das coisas não está no valor que elas representam, mas sim nas pequenas coisas.
ResponderExcluirBELL,
ResponderExcluirconcordo e diria que o valor das coisas só os nossos sentimentos podem avaliar.
Se temos necessidades, se temos vontades, se temos oportunidades tudo isto tem o olhar daquela antiga máxima de como se vê um copo que está pela metade de liquido, como muito vazio ou quase cheio.
Lembro,também, aquela história do menino pessimista e do otimista na moite de Natal.
Ao acordar e olhar pela janela o pessimista vê uma bicicleta e diz :
-Que chato, vou ter que encher os pneus, todo mundo vai pedir emprestado.Que chato!
Já o menino otimista ao olhar para janela vê um lata de esterco e levanta-se, sai correndo gritando:
-Oba, ganhei um cavalo,ganhei um cavalo...
São os nossos corações que determinam todos os valores da vida.
Um abração carioca.