NO DIA EM QUE ME FIZ SAUDADE.

                                                          




Andei sonhando com algumas improbabilidades e, quem o faz com muita convicção como aquelas que andam praticando e, pela essência fantasiosa deste próprio fato, cedo ou tarde verá seu berrante que todo peão que se preza usa para indicar o que vem pela frente, não emitirá mais nenhum som compreensível.
Torna-se inaudível o cântico do amor que dele é exigido mais do que o amor consegue, mas por outro lado, se não custa sonhar, não custa também saber aceitar quando nos impomos as suas inaceitáveis condições e quando dele ignoramos o tamanho e largura das cercas que balizam os seus limites, mas não adianta, pois, só voltamos à realidade, no dia que nos tornamos saudade.
Ninguém fica notando em vida que está respirando, só quando é decretada a morte daquele involucro que carregamos é que os outros irão identificar o arroxeado das nossas epidermes, o enrijecer da musculatura que agora póstuma não vale aquilo que comemos  e a nutrimos tanto para fazê-la funcionar.
Quando no dia que nos impomos sermos apenas saudade é que lembramos que felicidade se cria, se mata, se inventa, se desconstrói, faz-se das tripas o coração, e esmagamos o coração como tripa imprestável.
Respirar só enquanto se vive, amar só enquanto nos faz feliz a necessidade de peles em contato.
E o olhar para trás é ácido, de uma crueldade inimaginável, sonhos que se tornaram improváveis, apesar de toda convicção colocada no veludo verde da mesa de cartas de um autentico jogo de azar dos cassinos da vida que não tem lugar para vencedores.
Tem um momento que você vai perder tudo.
Um bom antidoto é não procurar culpados e desta conduta são mestres os mais otimistas que correm para as boticas de tradicionais farmacêuticos perguntando se a poção mágica da reconciliação ainda está à venda.
Porém, sábios mesmo são aqueles que conhecem a vacina para dar ao amor a sua verdadeira imunologia.
E neste caso não é a idade que se torna boa conselheira e sim, a motivação para acreditar que sempre e, com qualquer um a história irá sempre se repetir, irá se repetir sempre que ficamos com preciosismos comparativos deste com aquele outro amor e perdemos o preciosos tempo de viver.
E quando o nosso foco fica a espreita da presunção que irá acontecer de novo naquele relacionamento, vai mesmo, a mesma coisa e se for diferente, vamos jurar de pés juntos que foi igual, pois, nossa autoestima sempre estará acima de qualquer outra verdade.
Afinal, viver é o que importa.
E para viver e não tenhamos os dias borrados  por nossas inevitáveis sandices humanas, aprendamos a perdoar, mesmo que não tenhamos a transcendência espiritual de uma Madre Teresa de Calcutá.

18 comentários:

  1. Olá, Paulo!
    Que pessimismo é esse? É a crise?
    Infelizmente, a verdade é uma só:" Entramos e saímos da vida, solitários".
    Abraços e bom fim de semana!

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    1. Amigo virtual VitorNani,

      você falou de solidão e eu de saudade,e as duas não estão sempre e obrigatoriamente separadas,pois,quantos saudosos muito bem acompanhados você identifica a seu lado?

      Não é intrigante a questão?

      E por favor, sem estresse , nem crise!

      Um abração carioca.

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  2. De um realismo sem nenhuma divergência, essa sua crônica, Paulo, pois, assim é a vida de quem tem certo os limites do espaço da sua individualidade, e o devido respeito ao do alheio. Fala alto hoje quem tem a inteligência emocional aguçada, ao ponto de transcender a todas essas mazelas, que tentam nos impingir, com suas sandices! Compactuo com tal realidade!
    Abraço.

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  3. CÉLIA RANGEL,

    o código certo, a palavra mágica e sua perspicácia na leitura, a levou ao ponto x de todas as questões dos entreveros humanos, exatamente a incapacidade de lidarmos com aqueles que não tem o menor vesti gio, nem verniz de inteligência emocional.

    Um abração carioca.

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  4. Paulo, se viver é o que importa, para que pensar no que não foi feito, se o que faltou foi o perdão, perdoa!
    Se não lhe dão o perdão, aguarda, que talvez a próxima, seja a derradeira.
    Saudade é boa, quando não nos pesa, somos o que somos, não podemos mudar nossa essência, nem fazer comparativos de histórias vividas, apenas viva, não se apegue a fantasmas.
    Você é muito sensível e disfarça bem com seu humor irônico, que é sua defesa, talvez assuste e afaste, quem com você convive.
    Tenha um excelente final de semana, abraços carinhosos
    Maria Teresa

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    1. MARIA TERESA VALENTE,

      os textos expostos neste blog,são peças meramente de ficção.
      Para mim é muito bom saber que eles possam ser interpretados como se os personagens existissem o que só valoriza .
      Mas,são apenas textos,sem nenhuma realidade especifica, sem absolutamente, ligação real com o que vivo e vivencio.
      Apenas ficção!
      Até porque, textos autobiográfico costumam se muito chatos.
      Fico muito orgulhoso em saber que minhas ficções impactam como se fossem verdadeiras.
      Um abração carioca e ótimo fim de semana pra você ,também

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  5. Paulo,

    Muitas vezes somos invadimos por esse sentimento saudosista, que fala fundo em nosso ser. Saudades da infância, quando tudo parecia simples, quando o mundo se mostrava aos nossos olhos curiosos, uma grande aventura... Saudades dos amores da adolescência, aquele palpitar inocente e gostoso do coração, que nos produzia o tremor nas pernas, o suor nas mãos... Saudades das nossas primeiras realizações pessoais ou profissionais, momentos que nos conscientizaram que já estávamos conquistando o nosso lugar no "mundo"... Saudades do que um dia fomos ou do que queríamos ter nos tornado, saudades dos planos que realizamos e também daqueles que ficaram guardados em nossa memória... Também lembramos dos nossos conflitos com saudades, dos momentos que cedemos, que perdoamos, que nos permitimos calar, que fomos perdoados e que nos perdoamos, para seguirmos adiante. De um tempo pra cá, percebi que só sentimos saudades daquilo que foi bom, que nos deu esperança, que nos fez inquietar o ser e querer viver... Hoje, já não vejo um lado negativo em sentir saudade, percebi que ela, me permite avaliar de tempos em tempos, que apesar da dureza da vida, podemos cultivar algumas levezas em nosso íntimo, tesouros guardados em nosso coração... Saudades, pérolas raras em nossa memória...
    Amigo, um abração carioca!


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    1. Pois é, sub helena,

      os seres humanos, diferentemente de qualquer outro ser vivo,conseguem dar às suas lembranças,aos fatos pretéritos,ao ontem das nossas existências,esta valoração de bom ou não.
      E as adjetivam, sendo "saudade", uma delas.
      Todos o outros animais, apenas guardam reflexos condicionados,"memoria" puramente física de situações vividas,área na qual Pavlov famoso neurologista se aprofundou,estudando os reflexos concionados.
      Mas nós seres humanos,não, somos muito maiores do que somente o soma,o físico,seres integralmente, psicossomáticos e aculturados.
      Nós,os envolvemos em emoções, e uma outra imensa gama variada de tantas incontáveis subjetividades e variados sentimentos que, douram ou fazem enferrujar aquilo pelo o que passamos.
      Esta é a forma única de ver , sentir e reativar coisas passadas da nossa espécie.
      Adoro mesmo, ser humano!
      Um abração carioca.

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  6. Feliz domingo!
    Maravilhosamente com este texto eu pude ver o seu coração e sentir o que (talvez) as vezes você sinta lá no fundinho das entrenhas do seu intimo.
    Me encontrei em alguns parágrafos e me senti remexida por dentro...
    só senti a lagrima.
    Obrigada porme trazer a realidade amado Paulo.
    Fraterno abraço
    NIcinha

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  7. PERSEVERANÇA,

    que bom saber que as coisas que rabisco por aqui seja capaz de alcançar, mexer e remexer os íntimos das entranhas nas quais , geralmente, habitam os fatores inconscientes mais valorosos e desconhecidos que nos levam a este ou aquele tipo de comportamento.

    Fico feliz e agradeço seu generoso depoimento,mesmo!

    Um abração carioca.

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  8. Eu mantenho relação boa com a saudade, não a deixo me machucar não. Vez ou outra cometo até risos de saudade, sabe?
    Essa coisa de comparar pessoas e sentimentos é mesmo uma furada. O risco de frustração é imenso.

    Abraços, rapaz.

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  9. MILENE LIMA,

    tratar a saudade assim é ter deixado para traz rancores, ódios e outros sentimentos menos nobres.

    A boa saudade estimula,formata poesias,dá bons textos e no mínimo lembranças sadias.

    Essa sua linha de pensamento é saudável!

    Um abração carioca.

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  10. Saudade... Por diversas vezes pensei nesta palavra como sendo das mais melodiosas e bonitas de nossa língua. Mas não estive pensando só na sua fonética, mas também em seu significado. Saudade é um sentimento que aperta o coração por resgatar as coisas boas e significativas e que não voltam mais. Ninguém sentirá saudades de coisas não prazerosas. Perdoar? É lindo ir deixando pelo caminho os entraves, mas nem todos conseguem apesar de vivermos tentando.
    Mas acredito não em idade, mas numa maturidade emocional. Muitos alcançam idade e continuam desastrados. E as vezes mais desastrados, ainda.
    Beijos, Paulo!

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  11. Olá TAIS,

    você usou a expressão magica:Maturidade emocional e esta independe realmente da idade .

    E sabe a razão?

    Tem pessoas que já chegaram até na tal da "melhor idade" ou terceira idade e que não conseguiram aprender nada da vida, pois, em qualquer das situações que se lhes apresentavam, agiam, respondiam e tinham sempre a mesma e rotineira conduta e... nunca mudaram.

    Nunca mudaram suas condutas perante os fatos novos, então passaram um vida inteira dando sempre as mesmas e rotineiras respostas e ,portanto, não aprenderam, absolutamente nada!

    Por outro lado, pessoas muito mais jovens podem ter a maturidade emocional que, independe da idade, muito melhor formatada.

    Cansamos de ver isto na prática.

    Concorda?

    Um abração carioca.

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  12. Saudades...Palavras que as vezes dói,mais também trás felicidades.
    Lindo texto!
    Adorei seu blog,beijos.

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  13. AMO EM SILÊNCIO,

    nestas dores, algumas cultivadas com saliva embebidas em vinhos que deixam tontos todos os personagens, as saudades podem precisar, também ,de serem sóbrias, apenas sentidas de dentro , sem nenhum aditivo externo.

    Isto porque , afinal, nada embriaga mais do que a saudade!

    Um abração carioca e venha sempre, pois estou muito honrado com sua presença , por aqui.

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  14. Boa tarde Paulo.
    Fiquei muito honrada de ler seus lindos comentários.
    Agradeço pelo carinho.Você entrou ,leu e ficou!
    Espero poder agradar a todos,que é um pouco difícil,mais vou tentar.
    Gostei muito de poder participar desse teu espaço,com tantas palavras bonita.
    Beijos.

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  15. AMO EM SILÊNCIO,

    tenho a certeza que seu blog tem forma,estética, formatação (muito bonita) e conteúdos (muito bons) para agradar a maioria.

    Sinceramente!

    Um abração carioca.

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