SABE O QUE MATA O AMOR?

Eu ainda era muito menino e queria ter um estojo para guardar lápis de madeira,lindo envernizado com fotografias de super-heróis fazendo aquelas poses para impressionarem ainda mais as crianças.
Ganhei no dia do meu aniversário e fiquei absolutamente arrebatado e satisfeitíssimo com aquilo.
A tampa era de encaixe que corria em dois sulcos laterias pelas bordas da caixa e tinha medo de abrir para não quebrar nada,danificar o que eu tanto desejei por muito tempo e afinal,agora estava ali nas minhas mãos.
Ia para a escola com uma antiga,e não sentia nenhuma coragem de colocar a nova e bonitona em uso,nem sequer admiti a hipótese de que meus amiguinhos a visse.
Sabe lá se algum invejoso a quebrasse, ou quem sabe, outro mais afoito a roubasse de mim?
Nem pensar!
Para que nem meus irmãos não soubessem,enrolei a caixa de lápis num pano e a guardei , bem guardadinha em cima do armário e foi uma operação muito arriscada, pois tive que subir numa cadeira com os pés meio bambos, enfim...
Nem eu a conseguia mais ver, porém sabia que estava ali bem protegida e incólume das idas e vindas, naquela verdadeira redoma que não permitia que caísse ou quebrasse.
Muito tempo depois, minha mãe ao mexer na minha pasta de couro da escola e não vendo o estojo, perguntou se não a estava usando e disse que ela estava bem protegida e guardada.
Quis saber onde e mostrei e ela então a trouxe para baixo dizendo que deveria desfrutar daquilo e não fazer o que fiz.
Quando ela pegou no pano ele se esfacelou todo e lá dentro a caixinha tinha sido devorada pelos cupins.
Chorei muito.
Substitua agora minha caixinha de lápis pelo amor e não será difícil saber aquilo que poderá matá-lo.

11 comentários:

  1. Quando amamos, temos que externar esse sentimento, com zelo, carinho e sem sentimento de posse. Possessão e amor não combinam. Bjus

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    1. Oi NÁDIA,

      "Possessão e amor não combinam".

      Pois é , então lhe peço com uma frase que já foi livro,já foi filme,agora está na minha boca:

      Ensina-me a viver!!!

      Um abração carioca.

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    2. Se nos tivesse sido permitido, eu seria uma professora nota 10 (kkkkkkkkkkkk). Neste caso modéstia passou distante de mim, pois sou dedicada no que faço. Bjus

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  2. Tudo e qualquer coisa que não é usado, visitado, explorado... acaba no esquecimento e morre, isso inclui o amor e, até mesmo, as lembranças. Costumo dizer que tenho uma caixinha guardada no fundo do meu coração e, de vem em quando, vou até lá, tiro a poeira e a abro. Só de pensar nesta caixinha, meu sorriso se abre, porque nela guardo apenas as coisas boas. As ruins faço questão de jogar fora!

    Meu carinho!
    http://pequenocaminho.blogspot.com

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  3. AUDREY,

    inveja desta caixinha!

    Inveja boa , existe?

    Um abração carioca.

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  4. Paulo, mais uma vez adorei seu texto...eu lembro dessa caixetas de madeira, também tive uma, embora não tenha cuidado com tamanho apreço. Bela lição que sua ma~e lhe ensinou e que você sabiamente associou ao amor. Sufocar não é a melhor maneira de amar. Um abraço!

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  5. Não, não é BIA!

    Não é sufocar.

    Amor exige a liberdade dos mais ousados sonhos que possamos ter e a maior quantidade possivel de oxigênio afetivo para podermos respirar sem medo de ser feliz.

    Abração carioca.

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  6. Olá, rapaz! Eu também me lembro dessas caixinhas de madeiras, não me lembro se as tive. A metáfora foi perfeita, acho que vou gostar de abrir essa porta sempre que tiver novidades, e nos seus outros cantos também.

    Obrigada por ter ido lá.
    E do amor, eu não sei nada não... Enquanto você comentava eu atualizava o blog falando justamente disso, do meu analfabetismo amoroso.

    E guardar o amor pra que, né?
    Ame, homem!

    Beijo!

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  7. Oi MILENE,

    seja muito bem recebida num dos meus cantos e nos outros, também.

    E só não concordo com a sua excessiva humildade, a não ser que você esteja adotando aquela velha máxima de que todo sábio é humilde.

    Seja como for, o importante é que a emoção sobreviva, com ou sem ,seus conhecimentos de causas.

    Concorda?

    Um abração carioca.

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  8. Acredito que as vezes guardamos o amor com medo de sofrer novamente outras decepções, que bom que às vezes lemos textos que nos lembram de que não adianta guardar os sentimentos, temos é que viver intensamente e se por acaso não der certo, valeu, é experiência para uma próxima vez... Como diz Carpinejar: "...você não merece me receber pela metade. Não merece pagar os danos que outra causou. O ceticismo não vai me contagiar. Suspeita não é inteligência, prevenção não é sabedoria..."

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