HORA DE LEMBRAR.


                                                   

Lembrar sim ,do carro na estrada, entre os morros cobertos de verdes e algumas nuvens mais cansadas deitadas sobre os seus cumes, como se pudessem partir se quisessem, ou serem chuva depois.

Lembrar da parada obrigatória no vendedor de frutas na beira da estrada e, naquele outro que, só vendia queijos e mais um que, só trabalhava com o mel, este que alegra a vida e arranha a garganta de tão deliciosamente, doce.

Igualzinho a você!

E a chegada parecia sempre tão demorada, pois, a volúpia incontida de possuir teu pequeno corpo sempre generoso em dádivas de doações constantes, me fazia sempre explodir em extasiados fluidos de prazer irrefreáveis , boca na sua boca grudada, respiração sufocada, mas, emoções libertas!

E valia repetir que o importante era que a emoção sobrevivesse.

Tudo isso, ficou onde? Quando começou a rachar como a concretagem de prédio velho ao ameaçar a desabar, cansado de tanto escorar paredes através dos tempos de um amor que estava sendo desgastado pelo inevitável passar dos anos e...passou.

Mas fica amor, no entanto,a hora de lembrar e se os olhos encharcarem , melhor assim.O coração arritimizar em tremeliques desarmônicos, melhor assim.E se corpo sôfrego não se permitir de tanto cansaço que a saudade desperta e quiser deitar, desabar, acolher-se em leito e mesmo que seja só , mesmo assim, ficará a lembrança que você poderia estar ali do lado e brincando de respirar junto e compassadamente, como se fosse um só corpo..

Enfim, um passado serve para quê? Um amor vivido serve para quê?Tantos momentos maravilhosos servem para quê?Tantos prazeres incontidos servem para quê?Tanta vida vivida em harmonia como os deuses fazem no Olimpo dos prazeres e da felicidade, serve para quê?

Serve para lembrar e pedir aos céus que se faça azul e não despeje tormentas sobre um passado que só conheceu em sua plenitude o mais vigoroso sol, daquele iluminado amor.

E que apagou.

Mas,não deixe que a sombra se instale e que de tudo, apenas ela sobreviva.

16 comentários:

  1. Gostei de ler...

    São verdades nestas linhas, perguntas sem respostas...

    Já estou seguindo :)

    Beijinhos

    Ana

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    1. Oi ANA,

      e sabe qual a razão das perguntas ficarem sem respostas?

      E, inevitavel quando isso ocorre,pois se encontramos as respostas, mudam as perguntas...

      Um abração carioca.

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  2. É triste quando o amor vai assim, desmoronando...e quando se dá conta lá está ele, aos pedaços, já sem ter como ser restaurado, emendado... as vezes consertar é pior... Bjus Paulo.

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    1. Então NÁDIA,

      e ler quando você lembra que "as vezes consertar é pior",vem uma certeza que os homens ainda precisam aprender, a de que as mulheres sofrem com muito mais dignidade.

      Esta questão, no homem ainda é uma balburdia que arrasa e poucos admitem,pois afinal, homem nem chora.

      Ou chora?

      Um abração carioca.

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    2. As vezes tentam reconstruir o amor que desmoronou, mais novamente não o erguem com um alicerce forte e de repente... lá está o amor no chão de novo e causando um estrago muito maior. Mas o homem chora sim (alguns) e eu admiro o homem que chora por amor. Bjus

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    3. Se por amor ou dor,vale mesmo é a sinceridade destas demostrações.

      Abração carioca.

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  3. Ao menos sobram as lembranças para adoçar nossos momentos nostálgicos. Difícil esquecer quando tudo que queremos às vezes é lembrar,reviver, sonhar.
    Tentar segurar um relacionamento já desgastado pela rotina, pelas intempéries da vida, pelas divergências e tudo mais é quase sempre uma ação falida, pois como você bem disse é tentar escorar uma parede pra nao cair, mas o alicerce nao está firme o suficiente...
    De tudo sobrou as lembranças de coisas maravilhosas e nada pode apagar isso, pois elas ficam presas em nossas emoções, em nossas pupilas e em nossa alma.
    Cada dia noto esse seu lirismo mais acerbado, mais detalhado, mais poético.
    Beleza pura Paulo!
    Uma beijokas doce dessa flor do cerrado.

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    1. O importante, MARLY é que esta sensação de que foi, pode continuar a conviver com a esperança do advir melhor e mais bem estruturado.

      O sofrimento deve ser pedagógico e apontar para a melhoria de novas realidades futuras.

      Afinal, nós fazemos tudo na vida é para atender nossos sentimentos.

      Não devemos deixar nunca que o futuro de um amor, seja apenas uma sombra.

      Um abração carioca para esta flor do cerrado!

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  4. Mas não há de se esgotar as possibilidades de reconstrução, quando os corações são metades um do outro. Eu acho, eu acho!

    Abraços alagoanos.

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  5. Oi MILENE,

    as possibilidades de reconstrução são sempre uma alternativa, desde que esse amor já não tenha acabado tal qual a chama de uma vela , cansada e exausta de si mesma!

    Um abração carioca,Milene.

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  6. Concordo que deve ser lembrado como um todo, um sol brilhando, um vaso inteiro. Nada de ficar juntando caquinhos! Parabéns, mestre! É Hora de Lembrar.

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  7. Então, Old Eagle,

    acredito nisso,nessa força que aproxima mesmo estando longe, afinal os corpos são importantes , mas só? E as lembranças? E a saudade? E tudo de bom de ficou?

    Impossível ignorar, afinal somos resultado daquilo que nos fizeram e fizemos ao outro.

    Um abração carioca.

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  8. Nossa base, nossa estrutura está na historia que já vivemos, nas lembranças que fazemos questões de ter, para continuarmos vivendo.

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  9. Oi Adryana,

    assino embaixo e um bom, muito bom, bom demais carnaval, minha amiga virtual!!!

    Um abração carioca.

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  10. Nossa, Paulo, que lindo e intenso. Creio que quando uma relação é baseada nesse compasso harmônico, nessa entrega intensa e mútua, não é possível que se apague infinitamente. Nem mesmo a sombra será sombra...será uma centelha que sempre reacenderá a memória. E prefiro guardar momentos assim na memória do que passar uma vida sem vivê-los. Um abraço!

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  11. BIA,

    eu poderia ter dito exatamente, assim:

    "Nem mesmo a sombra será sombra...será uma centelha que sempre reacenderá a memória".

    Obrigado por ter escrito , por mim.

    Um abração carioca.



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