HOJE, ACORDEI BRASILEIRO.



Hoje, acordei brasileiro. O Brasil é essa coisa que se bate, rebate, confunde e é confundido, ameaça e corre  vai embora e fica, levanta e parte pra cima, não deixa crescer os cabelos dos seus próprios peitos, pois, vive procurando cabelos nos peitos dos outros lá fora. E por ser assim, quem não se vê para dentro, vive eterna e literalmente, por fora. Mas, aqui pra nós, é uma nação instigante seja, pelo som dos tantans e tamborins, seja pelo som dos berrantes que chama o gado, ou do zumbido do laço que pega as vacas, daquele boiadeiro que na boiada já foi boi, mas,sabe cantar diferenciando que, com o gado a gente tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente! E nessa disparada de contradições somos nós próprios quem matamos o orgulho de sermos brasileiros, sempre que ele começa a nascer afinal, nos lembram que isso pode cheirar a jactância ou autovangloriação. Bom, melhor que cheirar coca, melhor que cheirar o odor descuidado das ruas urinadas, depois do carnaval. Quer que eu minta? Custa botar na cabeça o verbo, e no tempo certo, do futuro do presente e conjugar: eu ufanarei, tu ufanarás e de repente, nós todos nos ufanaremos, do mico-leão sim, Sucupira e Saci-Pererê, o boto cor de rosa pai de todas as desculpas de ocasião das caboclas virgens descuidadas, nossas matas, praias, nossa gente, riquezas que por aqui pululam como ouro de aluvião, boiando na água e de que, nem força precisa para garimpar. Custa? Sem má vontade, vai! Fica cheio de dedos, não! Abre seu peito, escancara tua boca, grita bem gutural, arranha toda a sua garganta, inflama a carótida do amor por esta terra, terrinha, coisa linda de todos nós. Experimenta, não dói nada é igual a um orgasmo. Orgasmo pátrio. Uma delicia! Não é excludente amar o de fora e amar o daqui de dentro. Não é. Mas se ficar só olhando para fora, seu arroz vai queimar no fogão, dentro da sua própria cozinha. E então o cheiro do arrependimento vai causar alergia no seu nariz aleivoso, pérfido, proditório, púnico, tredo ou vulpino. Nossa, quantos cuidados e medos fiquei agora e tentando encontrar por aqui, tantos adjetivos diferentes só para não dizer o verdadeiro: injusto.. Liga não, também esta é uma grande besteira de quem escreve só com o coração, sem compreender que aquele que lê, também tem mãe. Sabe que é falta de educação pensar que o leitor não tem mãe? Só porque ele pensa diferente de você? Que democracia é essa? Mas é porque às vezes sobe uma coisa que vem do estômago, enrola na garganta, é ácido, é horrível, muito horrível! Ninguém tem culpa desta nossa eructação de brasilidade. Já sei, vai dizer que é coisa antiga, É isso mesmo, coisa antiga. Vivamos a modernidade. Agora, custa essa tal de modernidade, incluir, adotar também, aculturar também, esta eructação de brasilidade? Nem posso pensar que, para ser de hoje, temos que dar uma pernada no que foi de ontem. Ninguém pode ser melhor agora, se não tiver orgulho do passado, do ontem, e não vierem enroscados no seu coração, junto com os batimentos do todo o sempre que viveu. E se você viveu e continua a viver por aqui, gaste na sua moeda, as outras são só para investimentos, e duvida que a melhor comida que podem comprar, continua a ser nosso feijão, arroz, bife com batata frita? E se o seu colesterol patriótico suportar cubra isto com um ovo frito. Comece a mastigar bem vagarosamente, como se fosse o começo da obra do trenzinho caipira,do outro cara que, nunca se importou se o chamavam de ufanista, ou não: Heitor Villa Lobos. É caipira sim, igual aos filhos desta terra, mãe gentil. Não é mãe? Suas bênçãos e obrigado, a todas as mães daqui. Salve, salve!

4 comentários:

  1. Maravilha de texto Paulo! Um bj querifo.

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    1. Oi NÁDIA,

      maravilha é a inspiração.

      Um abração carioca, amiga virtual constante.

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  2. Paulo comentei um tantão,mas me chamaram no facebook e eu acabei fechando antes de enviar.
    Mas basicamente eu disse, que mesmo que a mãe de um não seja tão gentil quanto outras, ainda assim temos uma mãe e que eu me encanto com esse jeito da nossa cultura, me orgulho da nossa brasilidade, sinceramente mais da de outrora do que da de hoje que vive com um pé lá fora, arrotando civilidade, educação refinada e caçoando dos nossos trejeitos, dos nossos gostos, do nosso linguajar[que quando vejo um caipira falando, fico mentalmente procurando a raiz da língua mater...]
    Amo nossa cultura multifacetada, que nos faz povo único, sabidos, matreiros, espertalhões, trabalhadores[cada um no seu ritmo] e cada qual com o seu tal. Temos uma mãe gentil, que se alguns acham que a deles sejam diferentes, fodam-se, a nossa é a mesma que nos orgulha e ensina a ser o que somos! Perfeitos não, mas gente que tem história.
    bjkas doces [e eu disse basicamente kkkkkkkkkkkkkkkkkkk]

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    1. MARLY BASTOS,

      me orgulho também da nossa cultura,me orgulho também da nossa brasilidade e conosco creia, está a imensa e esmagadora maioria do povo brasileiro. Somos exemplo e referência de miscigenação,exemplo e referência de um cadinho de cultura único e nossas características regionais com hábitos e costumes singulares nos torna um mosaico nacional -de como você afirmou - diverso e encantador.

      O exemplo de civilidade que lá de fora nos chega seria a macabra explosão de duas bombas atômicas nas cabeças de nossos irmãos?

      Ou seriam as guerras internas entre Norte e Sul de um imenso pais que, depois de dizimar todos os seus índios ,começaram a se exterminar uns aos outros, numa odienta luta racial interna?

      Ou ainda, o espetáculo de barbárie que levou aquele outro país ao genocídio contra outros seis milhões de seres humanos apenas, por pertencerem a uma etnia diferente?

      O exemplo que buscam la fora, seria o Gulag, "alojamento"para onde presos políticos eram mandados e, nos quais, sob extremas e adversas condições climáticas geladas, morriam aos milhares?

      Marly , os exemplos já estão contidos em centenas de livros publicados, e como fui parido aqui nesta terra e lambido de amor e afeto pela minha mãe neste berço esplêndido,quero continuar a cantar loas de salve, salve,a esta terra gentil e amada,Brasil!

      Nós somos o melhor exemplo,para nós mesmos.

      Um abração carioca.

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