Perdido em tentativas, debruço sobre a mureta farta das minhas
ansiedades reincidentes de um amor que é muito mais vasto do que eu e nem cabe
mais, em mim.
Porém, estou na divisória entre a mureta que aqui ainda me contém,
e me deixa seguro e outra alternativa que, tenta me remanejar para outras realidades,mas lá embaixo a evidência
de um precipício que mataria em mim todas as maravilhosas visões fantasiosas,ou
não,das minhas preservadas felicidades.Então, não pulo.
E ficar aqui, sem movimentar, sem impulsos para me jogar é aceitar,
por outro lado, todo o entorno como ele é, e como ele é às vezes vem a
compulsão de querer transformá-lo.
É como se deitado na grama de um vasto gramado de um amor pretensamente eterno, esperasse que num
céu sem ser finito, algo se mova , e eu
percebendo isso pudesse criar em mim ,também, outros movimentos de
oportunidades para mudar isso ou aquilo.
Ou seja, espero pela estrela cadente que substitua num curso
sem fim, o fim das minhas limitações, pois esta é a verdade e, mais uma das
essencialidades e facetas do amor.
Quem ama percebe-se diluído no infinito do curso das
estrelas cadentes, gerando fantasias imprescindíveis a manter-se neste imaginário
oráculo dos deuses que você sempre acha estarem disponíveis e o escutando,
porém quando tosse , espirra ou sente sono, entra então a realidade das
sensações finitas, e aí?
Você pula a mureta?
Confundem-se tudo novamente e dor, amor, bom, mal, bem, tristeza,
alegria, saudade antecipada na presença, saudade da presença que irá,
felicidade finita, momento que acaba e outros que nunca acabarão, pois jamais
existirão,começa tudo isso a jogar contra ou a favor.
Força, fraqueza, motivação desânimo, calor, frio, ritmo, marasmo.
Afinal, o que impede que se pule a mureta quando o amor não
cabe mais dentro de nós, quando ele ficou maior do que nossas próprias concepções e
racionalizações dele, o que impede?
Impede é a certeza de que o pulo sepultaria também, todas as
nossas felicidades conquistadas e, mesmo deixando para trás alguns males,
criaria outros irreversíveis e imperdoáveis, sendo o mais cruel, a solidão.
Matar um amor é crime qualificado e hediondo, pois não se
dar chance de defesa a sentimento tão maior que nossas limitações e dele sempre
ficarmos pretendendo nos revoltar em atitudes que envolvem controle e segurança,
acaba o inviabilizando.
Não podemos sugar do outro a felicidade que não temos para
cambiar, não podemos querer que, a quem amamos substitua a essência das nossas
improbabilidades em vermos no céu a estrela cadente que não tem percurso
verdadeiro dentro de nós.
Dialética eterna, entre amor e falta, dentro e fora de nós, e
no amor que identificamos, no outro abundante de conseqüências e que em nós,
falta.
Não existe transplante de felicidade.
Existe sim, o verdadeiro, o possível, e o verdadeiro e
possível será sempre a possibilidade de síntese entre o que ama e transborda
possibilidades e do outro que também, transborda amando e na mesma proporção,
sentimentos iguais.
Não existem cirurgias mágicas em corpos que estão secos do
nada.
A simbiose, troca, compartilhamento só se evidencia e marca
território entre amores que se nutrem da mesma seiva, alimentadas pelas mesmas raízes
profundas de cada um, em seus próprios corpos, fator maior e suficiente para
dar e receber.
Escravidão de amor é pensar que podemos colocar garrotes em
outros e colocá-los em troncos e pelourinhos chicoteando impiedosamente suas
liberdades.
Neste caso quem irá sangrar , seremos nós mesmos.
OI PAULO!
ResponderExcluirQUEREMOS, MUITAS VEZES VER NO OUTRO O REFLEXO DE NOSSO PRÓPRIO SENTIMENTO/AMOR, SEM PERCEBERMOS QUE BASTARIA ACEITAR A FORMA QUE CADA UM TEM DE DAR E RECEBER ESTE AMOR.
MUITO BOM TEU TEXTO.
ABRÇS
vhttp://zilanicelia.blogspot.com.br/
ZILANI CÉLIA,
Excluirquando li seu comentário, tive a certeza de que havia passado o que queria dizer.
Sabe ZILANI, é sempre muito difícil, ,fazer-nos entender,entre a concepção de uma ideia e sua objetiva realização.
Você me deu esta certeza.
Consegui!
Muito obrigado.
Um abração carioca.
Cheio de verdade, o teu texto...
ResponderExcluirE disseste muito bem! Bom mesmo se pudéssemos criar outros movimentos de oportunidades para mudar isso ou aquilo, mas sempre de forma a deixar livre, os sentimentos. Nossos e do outro...
Sabe?Gosto imensamente de te ler.
Um abraço.
LU,
Excluirseria ,mesmo o ideal.ou seja, mudar somente as formas e sem nunca alterar, no entanto, as essências.
Acho que todos nós procuramos fazer isso quando amamos e esse amor,então, se torna cada vez mais compatível com nossas expectativas , quando conseguimos.
Sentimentos devem sempre voar para os horizontes onde o sol seja mais acolhedor, voar como pássaros que, não se preocupam só com o ninho, mas também,em conservá-lo e poderem então, fazer isso, valorizando cada novo movimento que o torne mais perene.
Todos os ninhos precisam ser assim,precisam da essência que os criou e, não somente das palhas..
Quanto o mais que disse, debito sempre à sua generosidade estas suas palavras e as recebo com imensa humildade.
Um abração carioca LU.
Paulo vc a cada texto transborda seu íntimo e suas aspirações.
ExcluirVc é pra mim um grande filósofo !
Te admiro bastante .
Vc é super romântico !
SAMAROSA,
ExcluirSabe, com tanta beleza nesse mundo é difícil conter o amor que inevitavelmente, transborda.
Quer um exemplo?
Olhe em volta de você,nesta Veneza brasileira,quanta beleza lhe circunda e lhe faz concorrência.
Entendeu agora?
Resistir a isto tudo, não tem jeito,concorda?
Obrigado mesmo, Samarosa.
Grande abraço recifense
ResponderExcluirUm abração carioca de retribuição,Samarosa.
ExcluirPaulo, lindo texto. Sabe, não podemos definir o que nos atrai no outro, o que faz despertar o amanhecer em nós. Muitas vezes procuramos afinidades, mas acabamos sendo surpreendidos pelo inesperado. Aprendi que a forma de amar não importa (um amor convencional, um amor transloucado, um amor, sereno ou até mesmo um amor tempestuoso), o que é realmente essencial é amar, e quando se ama, não tentamos modificar o outro, racionalizá-lo, simplesmente amamos. Um abração carioca.
ResponderExcluirsub helena,
Excluiresta é a questão, ninguém modifica ninguém e nem deve!
Não é sempre muito bom que o inesperado faça uma surpresa e que, o outro seja o que é, para fazer da vida uma verdade que valha à pena?
Então é isso, viver o amor em todas as suas possibilidades, sejam quais forem as possibilidades do outro.
Um abração carioca.
Um abração carioca.
Gostei imenso do seu texto, Paulo. Amor é reciprocidade e cercear a liberdade alheia é, como vc mesmo diz, sangrar. É preciso deixar fluir.
ResponderExcluirBeijos e bom domingo,
Renata
RENATA,
Excluirdeixar fluir ,transbordar e se as margens dos nossos rios afetivos estiverem muito estreitas,temos que alargar,dar outras dimensões,colocar nos seus devidos lugares tudo no nosso entorno, para aquilo que, no outro seja a razão da nossa felicidade,possa encontrar o leito acolhedor.
Um abração carioca Renata e um excelente domingo,também.
Bom dia. Obrigada pela sua visita no meu blog. Vou ver o seu e ler os textos.
ResponderExcluirHELENA FRONTINI,
Excluira casa é sua!
Obrigado você, por ter vindo.
Um abração carioca.
Paulo,
ResponderExcluirCerta vez uma querida amiga, muito querida, disse-me:
“Amar é a harmonia dos defeitos”.
Referia-se aos relacionamentos amorosos, quais fossem.
Concordo, pois é preciso existir o respeito mútuo no querer
bem, preservando a liberdade e a individualidade dos seres
envolvidos. O conservar-se inteiro, um ser total dentro de
qualquer relacionamento. A aceitação do outro (os) como ele é.
É difícil esta postura, mas não impossível. Nós sabemos...
É um processo constante de percepção de nós mesmos e de
aceitação daquilo que o outro se permite nos dar.
O seu texto, Paulo, como sempre muito bem escrito, é forte,
seguro, maduro no que quer nos transmitir. E consegue muito
mais, fazer-nos refletir, repensar... no que estamos fazendo
com os nossos sentimentos.
Será que para amar é preciso sofrer?
Nada disso; para mim é compartilhar todas as possibilidades do amor...
Deixar sim o amor transbordar de ambos os lados, é claro, rs...
Um abraço amigo, dessa paulista
Agradeço a sua ida ao meu Blog. Estou lhe devendo uma resposta.
Então VERA,
ResponderExcluire a procura desta harmonia dos defeitos requer uma habilidade e motivação extraordinárias.
É preciso acreditar que o amor merece qualquer sacrifício para ser salvo, mantido ou harmoniosamente aceito.
Sofrimento,alegria, desentendimentos,esse ou aquele momento de menor compreensão,enfim, não deve se transformar no ponto final de nenhuma relação e sim, o ponto de nova partida para que o amor sobreviva e com ele as emoções.
Um abração carioca.
Sim, Paulo,
ExcluirAcreditemos que o amor merece toda nossa atenção.
Façamos com que ele sobreviva como sentimento maior, ensinando-nos a lidar com as emoções.
Abraço
VERA,
Excluirsem dúvida!!!
Um abração carioca.
Vim até aqui, agradecer a sua visita ao meu "ortografia". Li o seu texto e gostei. Passarei aqui outras vezes.
ResponderExcluirMas digo-lhe que, apesar de escrever poesia, não resumo a vida a estrofes e nem sequer rimo e muito menos me considero intelectual... Obrigada pelas palavras.
Abraço.
GRAÇA,
ResponderExcluiruma outra qualidade dos poetas que esqueci de nominar no meu comentário lá no seu "Ortografia do olhar" é indiscutivelmente, a humildade.
Ficou aqui comprovado!
Obrigado Graça, pela sua retribuição e creia que seu blog é uma alternativa muito oportuna para quem, como eu, gosta de poesia.
Eu que lhe agradeço a gentileza da retribuição.
Um abração carioca.
São o velho e ruim ciúme que quer tirar a liberdade do outro por
ResponderExcluirnão achar a confiança.
http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/
Pois é SIMONE,
Excluire amor sem confiança é ar poluído.
Quem consegue respirá-lo, impunemente?
Um abração carioca e parabéns pelo seu excelente blog o qual eu recomendo.
Oi, Paulo!!
ResponderExcluirO amor transbordar, não ter medo de nós mesmos, saber lidar com o que sentimos; acredito q são lutas constantes dentro de nós. Quando aprendemos podemos respirar aliviados.Vejo a vida como uma sala de aula, a cada dia uma matéria nova, as vezes temos que fazer revisões e muitas vezes ficamos em recuperação e somos aprovados ou não. Se quisermos aprendemos a cada dia a amar melhor.
Obrigada por ser o meu mais novo seguidor, sejas muito bem-vindo!!Também amei o teu espaço, textos cheios de alma.
Ah, amei o teu comentário que resolvi transformá-lo em um novo post. Espero que não te importes!! Obrigada!
Um abraço do tamanho do meu Rio Grande do Sul.
Olá FILHA DO REI,
Excluirsua generosidade é que transborda,tal qual ,o amor que você menciona e fico imensamente honrado por você ter feito do meu comentário , uma nova postagem.
Lógico que não me importo e pelo contrário, agradeço.
Esse Rio Grande do Sul que um dia ainda lhe conto o que aconteceu comigo,por aí.
Precisaria de muito espaço.
Um abração carioca
Ah, fiquei curiosa para saber o que aconteceu contigo aqui nas minhas terras :)
ExcluirAprisionar o outro, é destruir a harmonia e o equilíbrio, que a Liberdade, de Ser e Estar, consegue. Muito bom este texto, gostei muito de ler, Paulo.
ResponderExcluirBom fim de semana.
Beijo :)
Pois é SÔNIA,
Excluiré sempre aquela história que eu sempre gosto de contar do cara que diz amar, perdidamente, os pássaros e pega um de cada característica e os coloca todos numa gaiola.
Ama?
Um abração carioca Sônia!
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