VIVENDO A SÍNTESE.






                                                          Há criaturas que chegam aos cinquenta anos sem nunca passar dos quinze, tão símplices, tão cegas, tão verdes as compõe a natureza; para essas o crepúsculo é o prolongamento da aurora.
                                                                                                                                   Machado de Assis.

Pedir para alguém apagar das suas lembranças o que foi vivenciado, seja qual for a  quantidade das suas experiências afetivas, é o mesmo que querer proibir o fato de continuarmos a respirar, supondo-se que, o ar que tenhamos respirado ontem, já tenha sido suficiente para nos manter vivos,hoje.
Somos envoltos e sempre em necessidades renovadas, emoções diferenciadas, sentimentos que teimam em brotar das nascentes eternas das nossas necessidades reais ou fantasiosas.
As experiências do passado podem conter sábios ensinamentos e dela extrairmos as melhores referências para que, tenhamos novos comportamentos mais compatíveis e adaptados com nossas novas vivencias  e desta forma,facilitar melhores soluções de vida no presente.
Mas, devemos observar aquilo que é essencial nesta convivência.
O cuidado de que, algumas vezes insistimos em viver aquelas experiências passadas de uma forma sempre igual e  tendo para elas,  reações e respostas que antes já não foram as mais adequadas, como se um cachorro estivesse correndo atrás do próprio rabo.
Então, corremos o risco das repetições que não deram certo e, vivenciarmos muito pouco aquilo que, nos daria a chance de crescermos interiormente, para continuarmos e por diferentes formas de aprendizado, a acumular bens de valores interiores apropriados e convenientes ao nosso equilíbrio emocional.
Quando insistimos em repetitivas respostas e não apropriadas às nossas novas realidades, um jovem pode ter experiências acumuladas de vida, muito superiores aos daqueles cujas fases cronológicas já começam a deixar para trás os tempos idos e no horizonte e o ocaso começa a se aproximar no céu das suas vidas., mas continuam imaturos em suas reflexões.
Viver realidades aprendendo com cada uma delas a ter soluções diferenciadas de adaptação aos novos tempos isto sim, seria um sintoma evidente de maturidade.
Quantos de nós vivemos toda uma vida, enclausurados numa mesma reação, ante uma mesma situação?
Acreditar no amor, é acreditar que ele ensina e facilita as respostas, aponta para as melhores opções, coloca o dedo indicador na direção correta das decisões.
Afinal, quem ama compartilha, quer ser companheiro, cuida e não se cobre de pejos ao ser igualmente cuidado, pois, sabe que aquela resposta é a síntese de um afeto explícito.
Aqui então a palavra mágica, pois, é esta síntese das nossas emoções que, representam muito mais do que uma soma mecânica de trocas rotineiras.
Quando somamos afetos, estamos apenas e de forma cumulativa, tratando com quantidades das rotinas diárias e a síntese é qualidade, uma nova e apropriada dimensão de entendimento.
Síntese, não é um mais um.
Na síntese, um mais um, enseja o aparecimento de outros planos qualitativos de relacionamentos desenhados nos traços certos das lições pretéritas aprendidas.
É  no amor, que esta síntese dos nossos aprendizados, se evidencia e se constrói, a cada novo tijolo de sabedoria acrescentado.


  

19 comentários:

  1. Ninguém pode apagar as experiências do outro. Todas essas são a somatória de quem somos hoje.

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    1. BELL,

      na realidade é a radiografia das nossas existências.

      Um abração carioca.

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  2. Paulo, lindo texto. Somos seres mutáveis, cada experiência, seja ela boa ou ruim, vai somando dentro de nós novos aprendizados, que em tese, nos ajudará pela vida afora... O amor, o carinho, o bem querer, são sentimentos, que sem dúvida nenhuma, se beneficiam com esses nossos aprendizados, nos capacitando à uma entrega maior.
    Um abração carioca.

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    1. sub helena,

      e acima de tudo que tenhamos ações diferenciadas e aprendidas para cada uma das mesmas situações, com as quais voltamos a conviver.

      Então teremos crescido.

      Um abração carioca, amiga!

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  3. Adorei o texto!

    Já leu aquela crônica de Artur da Távola - "Para Quem Quer Aprender a Gostar"? Lembrei muito dela! E a conclusão que ele dá me remete ao seu texto. É assim: "Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não se preocupe mais com ele e suas definições. Cuide agora da forma. Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide do carinho. Cuide de você. Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz."

    Grande Abraço

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    1. LU,

      a memória afetiva humana é deslumbrante!

      Veja você a correlacionar aqui, a este meu pobre texto amador,a expressão maior de um dos maiores colunista e homem das letras que passou por este planetinha.

      Obrigado LU,tomei isso como uma homenagem e só corações inundados de amor, os fazem transbordar.

      O seu transbordou na correlação,lembrança e agradeço, mesmo!

      Um abração LU.

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  4. Oi Paulo, seja bem vindo ao meu blog. Gostei muito daqui e estou seguindo de volta! :)

    Beijos

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    1. ROSEMERY,

      ok, e quem sabe tenhamos muito a apender um com outro, trocar, compartilhar...Obrigado!

      Um abração carioca.

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  5. Sensacional, esse seu texto me lembrou um filme que no Brasil foi traduzido para "Brilho Eterno de uma mente sem lembranças"! Nossas memórias afetivas são essenciais..Bjs =*

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    1. ALLMYLIFE PATRICIA,

      você foi buscar esta similitude no fundo do baú e a colocou aqui com precisão cirúrgica.

      Como eu adjetivo isto? Cultura!

      Um abração carioca e meus agradecimentos.

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  6. A memória do que fomos ajuda ao que seremos. O seu texto, muito bom, dá para pensar...
    Beijo.

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    1. GRAÇA,

      e as reflexões daí tiradas,servirão para que, tenhamos a síntese dos novos tempos e condutas,pautadas e, principalmente, no amor que tudo pode!

      Um abração carioca.

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  7. UN GRAN MENSAJE. MUY SIGNIFICATIVO.
    UN ABRAZO

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  8. RELTIH,

    obrigado por ter vindo de tão longe!

    Um abração carioca.

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  9. Essa somatória
    é a nossa vida Paulo.
    Eu tento por em pratica
    o viver um dia de cada vez
    e não errar da mesma forma
    mais. Vivo agora um momento assim
    e ja antevejo meu próximo momento
    de reação.
    Adorei sua postagem, estou de luto,perdi
    alguem querido que foi sepultado
    nassa 6a feira. Vou me refazendo
    tijolo a tijolo
    para meu melhor amanhecer.
    Bjins
    CatiahoAlc./ReflexodAlma

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  10. CATIAHO,

    pêsames!

    Fôrça, pois, tudo tende a se recompôr,acredite!

    Um abração carioca.

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  11. Olá Paulo!
    Eu acho que sou um pouco a imagem daquela descrição do Machado de Assis. " Cega" e "verde", sempre um pouco crédula em relação aos propósitos dos outros....:-)
    Adoro sobretudo a imagem de ingénua que as pessoas têm de mim. sóque acreditar nos outros nõ é ser ingénuo mas optimista. Eu sou optimista e é também nos momentos em que me engano em relação a alguém que a junção dos tijolos somados se torna ainda mais forte.
    xx

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    1. LAURA,

      prova que sabes construir seguras fundações e sobre as quais ergues e sustentas os seus mais legítimos sentimentos.

      Isso é tudo que se quer!

      Um abração carioca Laura.

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  12. Tal passado, tal tijolo , tais recomeços se fazem necessários, porém mtas vezes a verdadeira construção é inconscientemente dada ao outro, como se só ele fosse responsável por faze-lo ...
    Erroneamente , mtos por mágoa, tristeza abandonam os alicerces da própria obra !!!

    Bom voltar aqui
    BOM FIM DE SEMANA

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