RETRATOS DE AMOR.




Vida escondida, céu encoberto, névoa por cima da cabeça, aquele mal-estar costumeiro, certo gosto indesejável de tristeza na boca, visões confusas, mente empobrecida, um quadro pouco nobre.
É preciso um antídoto, solução rápida, não é hora da homeopatia que funciona mais demoradamente.É necessária uma química oral forte ou quem sabe nada disso e sim, um longo e fraterno abraço em lugar de comprimidos?
A sagrada receita funciona, afeto, procura intensa de troca entre aquilo e aquilo outro, mais respeito, menos desperdício verbal, intervalos maiores de silêncio e uso mais freqüente do tato que percorre com mágica sensibilidade o corpo sem exigir outra linguagem, nem palavrórios.
Em alguns momentos, em certos períodos há de ser com o silêncio que recupera o equilíbrio a melhor forma de dizer-se tudo e ouvir muito mais ainda sem necessidade de nada que, possa ser entendido pelo ouvido e sim, sentido pelo coração.
Então com certeza, a temperatura ira abaixar, os ventos ameaçadores se transformarão em suaves sopros daqueles que, apenas balançam as folhas de copas robustas das árvores e confere a natureza um aspecto de dança mágica, onde são encontradas cores e os pássaros seguem bailando em vôos elegantes.
Sem necessidade de ninguém se acabar, nem exigir esforços maiores, o silencio e os abraços costumam ser muito eficazes de solução não dolorosa, não irritando o estomago, não prejudicando a saúde física do paciente que está na cara sofre de mal do amor.
Coisa freqüente!
Se pudermos adicionar uma boa dose de respeito, compreensão e, entendermos que a mágoa entorta a felicidade e o ódio nunca encontra a saída de nenhum dos labirintos criados, conseguiremos abrir as janelas emperradas da afetividade.
Até porque ódio é uma palavra forte que sangra e mutila, causa primeira de todas as coisas que não prestam nem resolvem, apenas desenham contornos mais fortes do que aqueles que já existem.
E vamos nos socorrermos aqui de um dos maiores pensadores da história da humanidade, Sigmund Freud, eterno e controverso psicanalista e pai desta ciência quando dizia que:
“Só odiamos a quem verdadeiramente amamos e não conseguimos alcançar".
Então, se não consegue quer destruí-lo da forma mais perversa, pegamos nós aqui uma carona para arrematar o pensamento Freudiano.
É muito mais fácil e faz um bem incomensurável ao fígado acreditarmos que, o mundo no geral e as pessoas em particular, serão muito mais felizes sempre que, não houver nenhum tipo ou motivo para a destruição.
O nosso saudoso escritor Rubem Alves já alertava que, amor desfeito é muito triste, pois, dele só ficam restando os retratos,fotos que irão nos lembrar de uma felicidade que não existe mais, portanto, o retrato é uma sepultura.
Eu não quero ser enterrado em vida.

17 comentários:

  1. Ah! Paulo, por que às vezes nos fazemos de cegos, surdos e mudos diante de tais retratos? Como se olhássemos outra vez, com os mesmos olhos, o mil vezes visto e revisto, como se caminhássemos pelo mesmo caminho sem fim, como se ouvíssemos as mesmas vozes, mas as palavras não fazem mais sentido, os versos agora estão incompreendidos e como em um insight salvador, deixamos de buscar o corpo do outro, uma amor agora sem sentido, que agora só se classifica como um gozo breve e tosco... Então a porta se abre e passamos finalmente a voar soltos, sem asas e sem amarras, libertos de tais retratos... Vejo assim meu amigo, lindo texto.
    Um abração carioca.

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  2. sub helena ,

    exatamente por todas estas razões que, não devemos deixar que nos sepultem em vida!

    Um abração carioca.

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  3. Retratos de amor... so os guarda, quem ainda ama...

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    1. ARCO-ÍRIS DE FRIDA,

      "guardá-los" é tudo que se pode!

      Um abração carioca.

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  4. Gostei do texto Paulo, acredito mesmo, que ao terminarmos, não deveria haver destruição, em respeito ao que foi vivido, isso se vivemos "amor".
    Já não guardo retratos, não gosto de olhar defuntos. Obrigada, abraços carinhosos
    Maria Teresa

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    1. MARIA TERESA VALENTE,

      perdas são inevitáveis,porém destruições, absolutamente desnecessárias.

      Um abração carioca.

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  5. Sem a meta da perfeição, mas curti muito os meus momentos de intensa emoção. As boas e as menos agradáveis. Viver os espaços emocionais, na integridade do respeito ao espaço do outro, usando da trilha silenciosa o caminho para o êxtase do existir é transcender-se amorosamente. Evidentemente que, assim caminha-se na plenitude.
    Abraço.

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    1. CÉLIA RANGEL,

      o importante foram os espaços conquistados, as verdades,emoções, sentimentos e plena afetividade transcendendo em toda a sua plenitude nos seus melhores momentos e,principalmente, os possíveis.

      A vida de cada um!

      Gostei muito do seu comentário,Célia!

      Um abração carioca.

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  6. E o pior, Paulo, é quando nos aprisionamos e nos falta coragem para nos libertarmos. Isso é a mais pura figura da morte em vida.

    Um beijoo'o

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    1. SIMONE LIMA,

      pois é,são atitudes recorrentes estas, e sempre na espera de que amanhã tudo possa ficar diferente.

      É bom quando fica, mas caso contrario...

      Um abração carioca.

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  7. Já li muitos textos (prosa ou poesia) sobre a temática mas este teu texto aborda-a com alguma originalidade, conseguida através de uma espécie de metalinguagem: os retratos. Na verdade eles são pessoas, afeto, amor. Quando se vão estes sentimentos, eles tornam-se túmulos.
    Excelente a frase final!
    Bjo :)

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    1. EU,

      quando nos guardamos os retratos é prova evidente de que seus personagens estão afetivamente interligados, vivos ou mortos,perto ou separados.Nós os guardamos!

      E quando se trata de amor românico, namorados e todos os demais "exs" estamos olhando para os nossos próprios túmulos.

      Um abração carioca.

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  8. Olá Paulo!
    Acrescentando ao pensamento do saudoso Rubem Alves, a fotografia, quando lá nos longínquos momentos do passado, já fora interpretada pelos índios, como aprisionadora de almas! Creio que eles sabiam o que mais tarde o poeta descreveria! E como dói ver certas fotografias!
    Um forte abraço e bom carnaval!

    VitorNani & Hang Gliding Paradise

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  9. Sim, Paulo, ódio e mágoas causam um estrago de cão! Somatizam, depois nos destroem. Se pudermos fugir disso, tudo o mais que vem do ser humano é lucro. Temos uma capacidade imensa de odiar e amar, vá entender, é uma linha tênue que as separa...
    Quanto as palavras de Freud, bota verdade nisso... Sempre que se ajuda alguém, em demasia, chega uma hora que a coisa muda; a pessoa ajudada não aguenta a carga, o peso de tanto dever. E quanto a outra citação, não há ódio que resista à admiração... Bota verdade nisso. A inveja supera tudo.
    Interessante, não? Já vi acontecer inúmeras vezes.
    Grande abraço!!

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    1. TAIS LUSO,

      estes "estragos do cão" a qual se referem pegam e pesados principalmente, no nosso sistema cardiovascular,digestivo e desorganizam o psiquismo como se ele passasse a ser uma terra de ninguém!

      Quanto a Freud, ele ainda acrescentava que o antídoto para esta ambivalência de amor e ódio, seria a indiferença.

      Um grande abraço para você também, Taís Luso!

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  10. Interessante é viver ocupado e deixar tempo apenas para oferecer flores e bem querer. Um abraço, Yayá.

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    1. YAYÁ,

      pois é,"se todos fossem iguais a você/Que maravilha viver"...como diz aquela conhecida música.

      Um abração carioca.

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