UMA FLOR E O RECADO DO DESTINO.

                              

Tomou conhecimento que uma flor tinha o nome dela.
 Era exatamente o que precisava afinal, já pensou preparar um cartão que dissesse: “Você para você mesmo e com todo o meu amor”.
Ficaria muito bonito. Oportunidades de momentos únicos, assim, são semelhantes aos nascimentos de quíntuplos, um voo do homem a Netuno, uma viagem inesquecível as terras encantadas dos emirados árabes  e suas danças do ventre que mexem com o corpo delas e muito mais com os da gente,um  sonho antigo e esperado que foi realizado, o sorriso contido que se tornou gargalhada e a lágrima que secou sem motivo para escorrer pelo rosto,ficando então, só a felicidade!
Correu atrás daquela flor, iria a qualquer lugar, procuraria em canteiros, floriculturas, entraria em becos e esquinas da vida, não desistiria e só, pensava na frase de efeito do cartão e o rosto dela se perguntando:
”Nossa eu para mim mesma?”
Isso! Exatamente isso,mais lindo que um por do sol, gaivota em disparada rasante sobre nossas cabeças, o barulhinho gostoso do gotejamento dos pingos da chuva à noite, pode ser também de madrugada, afinal a qualquer hora, mas tem que acordar a gente. É preciso ouvir e sentir ainda de bônus o cheiro úmido da terra que de tão molhada , não segura a bondosa chance de aspergir em seu entorno aquele inesquecível perfume do chão!
Uma flor para ela, com o nome dela, com o jeito dela e dela tudo, inclusive do seu modo gingado, da flor quando balançada pelo vento, igual ao corpo dela quando anda sem saber que balança, as ancas e todo o resto.Ela nem precisa saber.
Mas, ninguém tinha a tal flor que seria para ela, que seria a poesia de um encanto, uma lembrança completa tal qual a peça sinfônica mais harmoniosa, regida por um maestro hábil que paralisa a platéia, atônica e entre naipes de cordas e o marcar forte das tumbadores, exercem o fascínio que só o aplauso demorado pode retribuir e agradecer!
Correu pelos quatro cantos e todos conheciam aquela flor que tinha o nome dela, todos a descreviam para ele como era a flor que procurava, mas era só virtual, só palavras, descrições enfadonhas, quando na verdade precisava era da materialidade das suas pétalas, do aveludado que ela continha e a cor branca tingida discretamente de um vermelho meio róseo, indefinido, inalcançável exatamente como a improbabilidade determinada pelo destino.
Então era desse destino que deveria exigir explicações, pedir sugestões, guerrear com ele ou com ele negociar, exigir tributo ou pagar facilidades, tentar entendimentos ou ameaçar guerra aberta, quem sabe um duelo em local previamente combinado?
Estava cansado, entregou os pontos, não via mais nenhuma forma prática de dar a flor que ela merecia.
A flor que tinha nascido para ela.
Já na cama, esperando chegar um sono que amenizasse a decepção e o levasse para um novo outro dia, sempre renovado como são renovados todos os dias seguintes, ouviu dentro de si mesmo, uma voz que se identificou como sendo a do destino e foi dizendo:
-Não fique com raiva de mim, apenas evitei que você trocasse uma cópia pela sua verdadeira e amada flor.
Adormeceu.




22 comentários:

  1. Belíssimo e translumbrante !!!!!! Lindo mesmo.
    Abraços .

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    1. MOEMA,

      a força deste seu 'translumbrante' valeu mais do que tudo!!!

      Obrigado amiga virtual, sinceramente!

      Um abração carioca.

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  2. Lindo... O eterno desejo de mostrar o quanto o outro é importante, especial e único no seu jeito de ser...

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  3. Pois é, e neste desejo de mostrar,reside a magia indissolúvel do que chamamos, necessidade de evidenciarmos um amor incondicional.

    Um abração carioca,sub helena!

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  4. É sempre tão gratificante e gostoso vir aqui... É sempre tão maravilhoso ler teus texto... Bjus de saudades Paulo.

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  5. NÁDIA ,

    obrigado, mesmo!

    Um abração carioca.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Lindíssimo texto!! O destino impediu que trocasse o seu amor verdadeiro,pelo um falso amor!
    Adorei Paulo,beijinhos.

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    1. NELMA,

      tem gente que diz não ligar para elogios etc etal.

      Eu adoro!

      Você não tem a menor ideia de como eu me sinto,quando uma pessoa inteligente e culta como você, encontra adjetivos superlativados, para o que escrevo.

      Como se diz aqui no RJ fico mais feliz do que pinto no lixo!!!

      Um abração carioca.

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  8. Olá Paulo!
    Maravilhoso texto!
    Realmente uma cópia não se pode comparar em essência ao original.
    A grande diferença entre a forma e as profundezas do conteúdo. O traço que desenha a cópia não traz a "marca de água" que diferencia o ser do parecer.
    Todo o grande amor tem essa tonalidade incomparável, indescritivel, e que não se encontra em mais ninguém.
    xx

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    1. Pois é LAURA,

      e nem as flores devem ter a pretensão de substituir,e olha que não existe em beleza e estética, quase nenhuma diferença entre as duas.

      No entanto, a flor não beija na boca.

      Se é que me fiz entender.

      Um abração carioca.

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  9. Paulo,
    Lindo texto!
    Magia pura. Mostra a necessidade da presença de um amor incondicional para amarmos com verdade. Amor especial, desprendido, incomparável... único; dedicado àquela pessoa única.
    Um abraço paulista

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  10. VERA,

    nesta sociedade do rapidinho,efêmero, depressinha quase voando, a dedicação em tempo integral de diversificados horários à pessoa amada, é como você muito bem colocou aquilo que, torna o amor," único, especial e incomparável".

    Gosto muito destes abraços paulistas aos quais sempre retribuo com o meu abração carioca.

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  11. Olá Paulo!

    Um texto de uma criatividade extrema, profundo e muito bem imaginado.
    Logo que comecei a lê-lo, estava a entender implícita, uma mensagem de merecimento, como se tivéssemos o hábito de nos cumprimentarmos ao espelho todos os dias pela manhã, elogiando o nosso ar descansado, ou até quem sabe, dando dois beijos um em cada face.
    Depois, a pouco e pouco, fui-me integrando e apercebendo que a mensagem era a de um amor sem limites, capaz de realizar os maiores esforços pelo ser amado, levando a extremos, com persistência e determinação a sua necessidade de mimar.
    O destino não quis, e ele tem sempre razão. A sua voz interior dir-lhe-á os porquês.

    Abraço do outro lado do oceano...onde também há mulheres com nome
    de flor ...

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  12. CRISTINA,

    a sua corretíssima percepção do texto me fez acreditar sinceramente, que ,não sou difícil de ser compreendido e interpretado.

    Obrigado mesmo pelo excelente,retorno!

    Um abração carioca.

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  13. Paulo, não trago nenhuma flor, em jeito de quem pede perdão, mas trago-me a mim aqui à sua presença. :) Gostei muito deste texto. Os seus blogues nada têm de ruim, garanto! Sou eu que ando um pouco em falta com as visitas e não é só aqui. A agravar tenho um problema no blog, que me sumiu com os links dos blogues que sigo, o que me deixa com alguma dificuldade em encontrá-los.

    Deixo um beijo e um abraço
    Sónia

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  14. SÔNIA M,

    fiquei muito feliz em vê-la por aqui!

    Afinal, não escrevo para mim e sua presença é fundamental e me faz sempre pensar que estou sendo lido e gosto muito disso!

    Espero que os problemaS possam ser equacionados e então...bola pra frente.

    Muito obrigado,SONIA M.

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  15. Oi Paulo, eu sou cópia de mim mesma, se uma flor fosse minha cópia morreria, pois ela não admitiria ser minha cópia.
    Um belo dia amigo
    Beijos
    Lua Singular

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  16. DORLI,

    belo jogo de palavras e nesse jogo de flores e mulher, eu não vou nem dizer o que penso, pois, quero a amizade das duas.

    Quer que eu minta?

    Um abração carioca DORLI.

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  17. Cada pessoa é única, podem tirar mil xerox de mim nada será como a original rs..
    Obrigada pelo carinho e amizade =)

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  18. BELL,

    não tenho a menor dúvida!

    Um abração carioca.

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  19. Bom dia!
    Tens aqui belos escritos, gostei do blog. Obrigada pelo convite a conhecê-lo. Aliás, tenho um blog de escritos também, vou colocar teu link lá. Se chama "A rosa e a geada": http://rosageada.blogspot.com.br/
    Tenha uma boa semana, um abraço!

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